Até reforma mínima da Previdência enfrentará resistência da base
(Bloomberg) -- A equipe econômica do presidente Michel Temer prepara nova rodada de conversas com as bancadas no Congresso em busca de apoio para a aprovação de uma reforma mínima da Previdência, mas qualquer mudança enfrentará resistências dentro da própria base governista.
"Não há clima para colocar o tema em pauta, mesmo que seja uma reforma menor", disse o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), numa referência ao desgaste entre o Planalto e a base aliada desde que o plenário rejeitou, em agosto, autorizar o STF a processar Temer pelo escândalo da JBS. "Idade mínima, por exemplo, é muito dura de aprovar neste momento", disse Lira, que comanda a terceira maior bancada da base.
O líder do PSD, Marcos Montes (MG) também disse não haver "nenhuma possibilidade de aprovar qualquer reforma que seja". Até Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB, partido que tem entre seus pilares ideológicos o enxugamento das despesas do Estado, defende priorizar outras reformas, como a política e a tributária. "Há ajustes pendentes e o calendário eleitoral atrapalha. Hoje, teríamos dificuldade para aprovar."
As declarações indicam dificuldade que o governo terá pela frente em seu esforço para tentar relançar a reforma da Previdência. Segundo duas fontes com conhecimento do assunto, a ideia da equipe econômica é levar a plenário aspectos da reforma capazes de gerar acordo.
Para tentar minimizar resistências, a proposta eliminaria pontos polêmicos, como o Benefício de Prestação Continuada e a aposentadoria rural. Não está claro quais aspectos da reforma seriam mantidos.
Para o líder do DEM, Efraim Filho (PB), uma reforma básica que altere idade mínima e uniformize regimes nos setores público e privado tem chance de ser aprovada.
Segundo um integrante da equipe econômica, o mercado já não acredita mais na aprovação da reforma da Previdência como anunciada e, por isso, o governo pretende entregar algo e não deixar uma das suas principais bandeiras sem resultado.
A reforma da Previdência chegou a ser aprovada em comissão especial na câmara, mas a tramitação foi interrompida após o empresário Joesley Batista, dono da JBS, divulgar o áudio que deflagrou denúncia contra Temer por corrupção passiva.
O escândalo emperrou o andamento das reformas econômicas do governo, especialmente as mudanças constitucionais, como mudanças no regime de pensões, que dependem de maioria qualificada na Câmara e no Senado.
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