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Paquistaneses começam a gostar de comida rápida

Faseeh Mangi e Chris Kay

11/10/2017 13h55

(Bloomberg) -- Naim Anwar passou a maior parte de sua carreira no ramo de seguros no Paquistão, então, na hora de comprar os direitos de franquias locais da Golden Chick, rede de frango frito com sede no Texas, EUA, ele disse que não pensou duas vezes.

"Eu nem experimentei a comida" antes de assinar o acordo, disse Anwar em uma entrevista durante um almoço de sopa quente e azeda chinesa e peixe kindo em Carachi, o centro comercial do Paquistão. "Deu muito certo."

As franquias de alimentos estão crescendo nas grandes cidades do Paquistão à medida que a renda aumenta e mais mulheres entram no mercado de trabalho, o que as deixa com menos tempo e vontade para desempenhar o tradicional papel de cozinhar para a família. Quase dois terços dos 200 milhões de habitantes têm menos de 30 anos de idade, e os comportamentos culturais estão mudando na República Islâmica, o que ajudou o país a se tornar o mercado de varejo de crescimento mais acelerado do mundo.

Comer fora em breve se tornará uma "necessidade durante os dias de semana", disse Anwar, cuja Crescent Star Foods pretende aumentar sua quantidade de restaurantes franqueados, como o Fatburger, com sede na Califórnia, de menos de uma dúzia para 100 em uma década. "A comida caseira se tornará um luxo de fim de semana."

Pizza Hut, da Yum! Brands, também planeja dobrar a quantidade de pontos de venda no Paquistão, para 150, nos próximos cinco anos e passará a ser negociada na bolsa local nesse período. A Foodpanda, financiada pela alemã Rocket Internet, espera fornecer refeições a 2 milhões de paquistaneses com fome por mês até 2021, contra cerca de 400.000 atualmente.

O setor de entrega de alimentos do país vai mais do que dobrar, para US$ 2 bilhões, até esse momento, disse Nauman Sikandar Mirza, CEO da Foodpanda.

Mais dinheiro

A renda disponível dobrou desde 2010 e os alimentos equivalem a cerca de 40 por cento das despesas domésticas. A proporção é maior do que a da Indonésia e a da Turquia, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA. A despesa no Paquistão é sustentada pelas taxas de juros mais baixas em 44 anos e o ritmo da inflação diminuiu pela metade desde 2014.

"O Paquistão tem uma das populações mais jovens do mundo e o aumento do varejo de comida rápida, além de outros segmentos do varejo, em parte é um reflexo da estabilização do contexto econômico", disse Rahul Bajoria, economista sênior do Barclays em Cingapura. "Tendências semelhantes também estão sendo observadas no restante do Sul da Ásia."

No entanto, existem forças econômicas contrárias que podem diminuir o boom dos alimentos. A piora da posição externa coloca em risco a meta de expansão do governo, de 6 por cento para o período de um ano até 30 de junho, que seria o ritmo mais acelerado em mais de uma década, disse Bajoria. As importações do Paquistão atingiram um recorde em maio e o déficit em conta-corrente mais do que duplicou, para US$ 2,6 bilhões em julho e agosto em relação ao ano anterior.