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Plano de reestruturação de US$ 1 bi afeta lucros da Nestlé

Corinne Gretler

19/10/2017 12h08

(Bloomberg) -- A Nestlé, a maior empresa de alimentos do mundo, quase dobrou sua previsão de custos de reestruturação. O CEO Mark Schneider tenta reanimar o crescimento após o período de vendas de nove meses mais fraco desde pelo menos 1999.

A Nestlé, que está eliminando empregos em sua unidade de cuidados de saúde com a pele e transferindo sedes nos EUA e na França, poderia gastar cerca de 1 bilhão de francos suíços (US$ 1 bilhão) com a reorganização comercial neste ano, disse o diretor financeiro François-Xavier Roger em uma conferência com jornalistas nesta quinta-feira. Isso significa que a margem operacional comercial no ano inteiro diminuirá em 40 pontos-base, para 60 pontos-base em moeda constante.

Schneider precisa provar que é capaz de recuperar a fabricante do café Nespresso e do chocolate Cailler em um momento de queda no crescimento das vendas. O investidor ativista Dan Loeb disse que a empresa ficou presa a seus antigos procedimentos, enquanto as concorrentes se adaptaram a um ambiente de menor crescimento devido à mudança acelerada dos hábitos de consumo. Schneider, que se tornou CEO em janeiro, pretende atingir um crescimento de receita em torno de 5 por cento até 2020.

A fabricante dos alimentos para bebê Gerber afirmou que o crescimento nas Américas totalizou 1,3 por cento, menos que os 2 por cento estimados pelos analistas. Roger disse que a Nestlé estava "um pouco mais preocupada" com a região, porque as vendas estão estagnadas nos EUA com uma demanda fraca dos consumidores. As ações chegaram a cair 1 por cento no início da negociação em Zurique.

"2017 sem dúvida será um ano de transição para a Nestlé", escreveu Jean-Philippe Bertschy, analista do Bank Vontobel, em nota. "Como a América do Norte, que representa quase 30 por cento das vendas, continua estagnada, é muito difícil para a Nestlé acelerar o crescimento."

O crescimento da receita orgânica durante todo o ano estará perto do ritmo de 2,6 por cento que a Nestlé registrou nos primeiros nove meses, informou a empresa com sede em Vevey, na Suíça.

A Nestlé afirmou que espera que a margem operacional comercial subjacente melhore em pelo menos 20 pontos-base neste ano em moeda constante. A empresa anteriormente havia previsto que seu crescimento de vendas orgânicas no ano cheio ficaria na metade inferior de sua faixa-meta de 2 por cento a 4 por cento.

Roger disse que, como a Nestlé está intensificando a reestruturação neste ano, o total no próximo ano será menor, e ele manteve a previsão de custos totais de cerca de 2,5 bilhões de francos para o período de 2016 a 2020.

Entre outros destaques:

O volume diminuiu ligeiramente na América do Norte, embora os preços tenham registrado uma melhoria "modesta";
As vendas de água engarrafada nos mercados desenvolvidos diminuíram no terceiro trimestre devido ao mau tempo na América do Norte e na Europa e à concorrência intensa;
A unidade de água pode ficar em melhor posição no quarto trimestre, disse Roger na conferência com jornalistas;
Ásia, Oceania e África não repetirão um desempenho forte no quarto trimestre devido a efeitos do calendário: no ano passado, as vendas do quarto trimestre foram impulsionadas pelo Ano-Novo Chinês antecipado;
Nespresso apresentou crescimento de vendas em torno de 5 por cento;
Roger disse que a venda da unidade de confeitaria dos EUA provavelmente será concluída antes do final de 2017.