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Presidente do banco central da Dinamarca combate crime virtual

Peter Levring

22/11/2017 12h04

(Bloomberg) -- Lars Rohde ficou famoso por ter lutado com sucesso contra os mesmos especuladores cambiais que forçaram o banco central suíço a abandonar seu limite para cotação da moeda contra o euro no início de 2015.

Agora, o presidente do banco central dinamarquês quer mostrar aos criminosos cibernéticos que eles têm tão poucas chances de sucesso quanto os especuladores cambiais. O foco em ataques digitais chega após uma grande violação da segurança na A.P. Moller-Maersk durante o verão europeu. A companhia dinamarquesa chegou a perder US$ 300 milhões porque um ataque cibernético impediu temporariamente a maior empresa de transporte marítimo do mundo de tratar os pedidos de frete.

A Escandinávia está mais avançada do que a maioria no que se refere a trocar o dinheiro em espécie por um mundo financeiro totalmente digitalizado, mas os tecnófilos estão começando a perceber a outra cara dessa precocidade. O potencial para derrubar a economia com um ataque cibernético é considerável -- mais de 80 por cento dos pagamentos no varejo são feitos digitalmente na Dinamarca. O ministro da Defesa, Claus Hjort Frederiksen, considera o crime cibernético uma das "maiores ameaças do nosso tempo".

Rohde, que na terça-feira organizou uma conferência de segurança cibernética nórdica em Copenhague, diz que o segredo é abrir as linhas de comunicação dentro do mundo corporativo da Dinamarca, como uma questão de política nacional. Ele espera criar um muro de conhecimento que colocará a Dinamarca um passo à frente de qualquer potencial atacante cibernético.

"Acho que é necessário ter uma estratégia nacional em que as indústrias e os setores troquem informações e ter uma vigilância contínua para aumentar as defesas", disse Rohde à Bloomberg.

Mas ele reconhece que a ameaça é amorfa e por isso a defesa é cada vez mais complexa.

"Costumo comparar isso com uma corrida armamentista", disse ele. "As defesas melhoram constantemente, mas os atacantes também. Há uma guerra em andamento."

Segundo Rohde, a invulnerabilidade absoluta é uma ilusão. Os ataques vão continuar, mas a capacidade de resistir a eles e de se recuperar rapidamente melhorará, inclusive por meio de sistemas de backup adequados.

Frederiksen está trabalhando em um orçamento de defesa de vários anos que inclui ferramentas para possibilitar vigilância 24 horas por dia das comunicações globais e uma rede de sensores para detectar software malicioso na internet.

Há muito em jogo. "Em última análise, a ameaça cibernética poderia pôr em perigo a confiança no setor financeiro e também a digitalização da sociedade como um todo", disse Rohde aos participantes na conferência de terça-feira.