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Gargalos no Mar Negro estimulam venda maior de cevada da UE

Isis Almeida e Agnieszka de Sousa

23/11/2017 13h50

(Bloomberg) -- Os gargalos na exportação de grãos da região do Mar Negro estão dando uma oportunidade à União Europeia para abocanhar uma fatia maior do mercado de exportação de cevada.

Os portos russos estão dando preferência à venda da safra recorde de trigo do país à custa de outros grãos. Com isso, está mais difícil para os vendedores reunir grandes carregamentos de cevada, apesar da expectativa de que a produção do grão será a maior do país em 10 anos, segundo a consultoria SovEcon, com sede em Moscou.

A falta de cevada imediatamente disponível -- devido também ao tempo necessário para transportar parte da safra de pontos mais distantes no interior do país -- gerou uma situação rara na qual os preços coincidem ou excedem os de processamento do trigo. Os compradores estão se voltando mais à UE, região onde as exportações registram alta de cerca de 9 por cento em relação ao ano passado.

"Trata-se de uma situação bastante confortável para a cevada europeia", especialmente porque os países do Mar Negro venderam e exportaram mais cedo na temporada, quando a alta estava apenas começando, disse Ivan Vikoulov, sócio-gerente da Quorum Capital, com sede em Gibraltar, em entrevista, na conferência Global Grain, em Genebra, na semana passada. "Agora a cevada francesa ou alemã pode ser vendida a níveis muito mais elevados."

A expectativa é que a UE se torne a maior exportadora de cevada do mundo nesta temporada, superando a Austrália, que teve a produção prejudicada pelo clima seco, segundo dados do governo dos EUA.

As exportações da UE superaram o ritmo da última temporada em outubro e totalizaram 1,86 milhão de toneladas em 14 de novembro, mostram dados da Comissão Europeia. O resultado contrasta com a exportação de trigo mole da região, 23 por cento inferior à do ano anterior devido à concorrência com a enorme colheita da Rússia.

Cevada russa

A Rússia colhe a cevada de inverno primeiro nas áreas do sul, perto dos portos do Mar Negro, e mais para o fim do ano começa a fornecer grãos de lugares mais distantes, como as regiões central e do Volga. O país, um grande exportador de grãos, ampliará a produção em 15 por cento nesta temporada, para 20,7 milhões de toneladas, estimou Andrey Sizov Jr., diretor-gerente da SovEcon, na conferência Global Grain.

"É uma situação bastante interessante", disse Oleg Kryukovskiy, trader da GTCS Trading em Dubai, em um painel do evento, em Genebra. "A produção é boa. A exportação é menor que no ano passado porque [o porto de] Novorossiysk, como já mencionado, não quer movimentar cevada."

A Rússia é a maior exportadora de trigo do mundo, e a mistura de culturas desaceleraria consideravelmente a operação dos portos, disse Vikoulov. Segundo ele, os preços da cevada também subiram porque os traders que venderam à Arábia Saudita, a maior compradora, cobriram suas posições vendidas no mercado.

A escassez de cevada nos portos do Mar Negro já é sentida no mercado internacional. Em leilão realizado na quarta-feira, a Tunísia teria pago quase US$ 2 a mais por tonelada de cevada em comparação com o preço mais baixo pago pelo trigo, normalmente o grão mais caro. A Jordânia pagou mais no início do mês, quando a cevada registrou ágio de US$ 2 por tonelada em relação ao trigo.