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Dinheiro não é tudo para os trabalhadores da Alemanha

Chris Reiter, Carolynn Look e Christoph Rauwald

11/01/2018 13h40

(Bloomberg) -- Como a economia da Alemanha está progredindo e é difícil encontrar profissionais qualificado, os trabalhadores de empresas como BMW, Siemens e Robert Bosch não desejam apenas um grande aumento salarial: eles também querem tempo e dinheiro para ajudar a cuidar de seus filhos e avós.

Subsídios para encorajar os funcionários a reduzir a carga horária de trabalho estão no centro das conflituosas negociações de contratos entre as fabricantes alemãs e o sindicato IG Metall, que representa 3,9 milhões de trabalhadores. Antes das negociações nesta quinta-feira no estado Baden-Württemberg - terra da Porsche e da Mercedes-Benz - o maior sindicato do país fez com que 160.000 pessoas em toda a Alemanha parassem de trabalhar nos últimos dias durante mais ou menos uma hora, as chamadas "greves de advertência". Ele ameaçou tomar medidas mais duras se as negociações não terminarem bem.

Há muito em jogo. O Banco Central Europeu está acompanhando de perto para ver se o desemprego na maior economia da zona do euro, hoje em um piso recorde, pode finalmente gerar aumentos salariais consideráveis e estimular a inflação, o que daria às autoridades monetárias o poder de fogo para desfazer iniciativas de estímulo para todo o bloco monetário.

Em um sinal da relevância das negociações para a economia em geral, representantes do IG Metall se reuniram com funcionários do banco central alemão para discutir salários. Uma porta-voz do Bundesbank confirmou a reunião à Bloomberg e acrescentou que ela incluiu outros sindicatos e que diversos assuntos econômicos foram discutidos. O IG Metall não quis comentar.

Além das possíveis consequências monetárias, os empregadores esperam que um acordo não reduza a competitividade em um momento em que eles são afetados pela incerteza decorrente do confronto político na Alemanha pela formação do governo.

Se o sindicato conseguir o que pretende, "seria mais uma desvantagem para a Alemanha, e nós teríamos que avaliar mais de perto onde investir", disse Stefan Brandl, CEO da EBM-Papst Group, fabricante de motores elétricos e ventiladores com tecnologia de ponta no sudoeste da Alemanha, que também opera instalações na Hungria, na China e nos EUA. A empresa foi afetada por uma greve de advertência do IG Metall na terça-feira. "Esperamos que o sindicato leve em consideração as necessidades das empresas e não dê um tiro no pé".

As negociações devem durar semanas, porque ambos os lados continuam em posições muito distantes. O IG Metall quer um aumento salarial de 6 por cento, em comparação com uma oferta de 2 por cento dos empregadores (economistas dizem que um incremento de cerca de 3 por cento seria uma boa notícia para a meta de inflação do BCE). A maior discrepância é pela exigência do sindicato de subsidiar os salários perdidos por funcionários que reduzem voluntariamente sua carga horária semanal, de 35 horas para 28 horas, a fim de cuidar de entes queridos. Os pagamentos seriam de 200 euros (US$ 240) por mês ou 750 euros por ano, dependendo do tipo de trabalho.

"Este setor precisa se tornar mais atraente para trabalhadores qualificados com opções de horários de trabalho interessantes e flexíveis", disse o presidente do IG Metall, Jörg Hofmann, a jornalistas em Frankfurt. "Ambos os aspectos - o aumento salarial e as opções de carga horária de trabalho - já estão profundamente enraizados na força de trabalho."

--Com a colaboração de Birgit Jennen e Jana Randow