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Canadá e Reino Unido exigem que Boeing não enfrente Bombardier

Frederic Tomesco e Joshua Wingrove

16/01/2018 12h53

(Bloomberg) -- O Canadá e o Reino Unido continuam pressionando a Boeing a abandonar sua disputa comercial com a Bombardier, e um ministro canadense disse que qualquer resolução deve incluir também o cancelamento das tarifas punitivas dos EUA.

A ministra canadense das Relações Exteriores, Chrystia Freeland, e o secretário britânico do Comércio, Greg Clark, escreveram no mês passado ao CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, para pedir que a disputa seja resolvida "sem a necessidade de novos processos judiciais". A Boeing respondeu com uma carta escrita por Bertrand-Marc Allen, presidente do braço internacional da empresa, expressando confiança de que as partes encontrariam uma maneira de "remediar" suas relações - embora sem dizer como. A Bloomberg obteve cópias de ambas as cartas.

A Bombardier enfrenta a perspectiva de pagar taxas de importação de quase 300 por cento sobre o C Series, seu avião comercial mais avançado, se a Comissão de Comércio Internacional dos EUA confirmar uma decisão preliminar do Departamento de Comércio no final deste mês. O processo comercial iniciado pela Boeing, que tem sede em Chicago, agravou as relações diplomáticas entre os EUA e o Canadá - e também irritou o Reino Unido, onde a Bombardier opera uma fábrica que constrói asas para o C Series.

"Estamos dispostos a nos envolver, estamos dispostos a organizar uma negociação, queremos soluções. A solução significa que não deve haver tarifas", disse o ministro canadense da Inovação, Navdeep Bains , em entrevista por telefone, quando consultado sobre o impasse com a Boeing. "Vamos deixar bem claro que defenderemos o setor aeroespacial."

Bains não quis dizer se discussões entre a Boeing, o Canadá e o Reino Unido estão em andamento.

No mês passado, o governo federal do Canadá intensificou a disputa comercial quando descartou planos para comprar 18 caças Boeing Super Hornet e lançou uma busca de novas aeronaves militares sob parâmetros que poderiam dificultar ofertas futuras da fabricante americana. A primeira-ministra britânica Theresa May, o secretário de Defesa Michael Fallon e Clark disseram que o caso coloca em risco as chances da Boeing de conquistar futuros contratos britânicos.

"Esperamos que você concorde que convém a nossos interesses comuns que este assunto seja resolvido o quanto antes. Gostaríamos de ter a oportunidade de ver como podemos resolver este caso de maneira razoável para todos os envolvidos", disseram Freeland e Clark a Muilenburg em sua carta conjunta, datada de 18 de dezembro.

O Reino Unido "agora provavelmente vai explorar um leque mais amplo de alternativas de compras do que o que teria considerado antes, porque exige-se que todos os compradores britânicos considerem objetivos econômicos sociais", acrescentaram os ministros.

Dan Curran, porta-voz da Boeing, confirmou na sexta-feira que a Boeing havia recebido a carta de Freeland e Clark.

"Sugerir uma retaliação contra a Boeing por rejeitar as práticas comerciais ilegais da Bombardier é lamentável", disse Curran em mensagem enviada por e-mail. "O caso é entre duas empresas e diz respeito à imparcialidade no mercado aeroespacial. Esta carta ignora nossa longa relação com o Canadá e com o Reino Unido, além dos grandes e constantes investimentos econômicos que fizemos em cada país."

--Com a colaboração de Alex Morales