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Após tombo de US$ 30 bi, Lemann e Buffett precisam comprar

Craig Giammona e Noah Buhayar

15/02/2018 14h26

(Bloomberg) -- Aumentou a pressão sobre Jorge Paulo Lemann e Warren Buffett para realizar outro acordo bilionário para turbinar a gigante de alimentos da dupla, a Kraft Heinz.

Desta vez, encontrar um alvo não está fácil nem barato.

Desde o fracasso da tentativa da Kraft de comprar a Unilever, há um ano, o crescimento morno do setor provocou uma onda de aquisições. Isso pode impedir a 3G Capital, de Lemann, de fazer o que sabe: usar os vastos recursos de Buffett para comprar crescimento, reduzir custos e ampliar margens de lucro.

Sem um grande acordo, o temor é que a Kraft Heinz termine como qualquer outra empresa de alimentos dos EUA, penando para aumentar as vendas com marcas cujos melhores dias ficaram no passado. A ação da Kraft acumula queda de 26 por cento desde o lance fracassado pela Unilever. Foi o maior tombo entre as grandes companhias de produtos de consumo básico, eliminando US$ 30 bilhões em valor de mercado.

"O prêmio realmente desapareceu da ação", disse Brittany Weissman, analista da Edward Jones. "Os investidores estão ficando um pouco impacientes."

A oferta pela Unilever aconteceu como se seguisse um cronograma: quatro anos após a dupla se juntar para fechar o capital da Heinz e dois anos após comprarem a Kraft e realizarem a fusão com a fabricante de ketchup. Toda vez, Buffett entrou com o dinheiro e a 3G com o trabalho pesado: demitir funcionários, fechar fábricas e produzir as melhores margens do setor.

Nada garante que a Kraft se empenhará para fechar um grande negócio neste ano. A empresa pode tentar cortar mais custos e ganhar tempo. Analistas sugerem que a empresa também pode seguir os passos da própria Unilever e adquirir marcas menores e de rápida expansão.

Mais estagnação

Comprar uma empresa de crescimento lento por um múltiplo elevado pode simplesmente levar a mais estagnação da receita", disse Asit Sharma, analista da The Motley Fool.

No entanto, a Kraft ainda precisa convencer investidores de que pode crescer por meio da expansão de marcas em vez da redução de despesas. Os resultados do terceiro trimestre de 2017 ficaram aquém das estimativas dos analistas. A Kraft vai divulgar uma atualização sobre os negócios após o fechamento do pregão nesta quinta-feira e apresentará o balanço trimestral na sexta-feira cedo.

As expectativas em relação a aquisições se intensificaram recentemente.

As especulações há muito tempo giram em torno de empresas americanas de alimentos processados que passam por dificuldades, como Kellogg, General Mills e Campbell Soup. Desde o entrevero com a Unilever, as expectativas passaram a incluir empresas que fabricam produtos de uso doméstico e têm exposição internacional, como a Colgate.

Um boato mais insistente envolve a Mondelez, que se separou da Kraft em 2012. Embora a Kraft gere aproximadamente 70 por cento da receita nos EUA, a Mondelez gera aproximadamente 75 por cento das vendas fora da América do Norte. A fabricante dos biscoitos Oreos e Ritz também tem presença considerável em mercados emergentes de rápido crescimento. Além disso, Irene Rosenfeld, que orquestrou a separação, recentemente deixou a presidência.

Representes da Kraft, de Buffett e das empresas mencionadas acima se recusaram a comentar ou não retornaram contato da Bloomberg.

Um desafio talvez se resuma a preço. No ano passado, os negócios no setor global de alimentos movimentaram US$ 110 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. Mais de metade envolveu aquisições de empresas de alimentos dos EUA, somando quase US$ 56 bilhões.

Título em inglês:
After $30 Billion Tumble, Buffett's Go-To Dealmaker Needs a Deal

--Com a colaboração de Corinne Gretler e Elizabeth Fournier