Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Apple e carros impulsionam economia mundial com gasto de capital

Enda Curran e Vivianne Rodrigues

26/02/2018 14h36

(Bloomberg) -- As empresas de todo o mundo em desenvolvimento estão ampliando os investimentos para atender à demanda crescente das economias industriais no que se configura como um novo impulso ao já forte crescimento global.

As grandes economias industriais, entre elas EUA e Japão, lideraram a recuperação recente dos gastos de capital. Agora, esse investimento está se expandindo para os países emergentes e o indicador de economias do Morgan Stanley, que não inclui a China, atualmente está no maior nível desde 2011.

"A situação está passando do crescimento sincronizado para o gasto de capital sincronizado", disse Chetan Ahya, codiretor de economia global do Morgan Stanley em Hong Kong.

Os executivos estão correndo para acompanhar a demanda investindo em pesquisas e em novas plantas. Apesar de o gasto oferecer mais impulso à economia global, os efeitos também devem ser mais duradouros devido ao aumento da produtividade e aos salários maiores.

Boa parte da recuperação da despesa de capital pode ser atribuída ao aumento da produção de smartphones e de veículos elétricos. Uma onda de atualizações de empresas como Apple e Samsung está estimulando a demanda no setor de semicondutores, com estimativa de crescimento de quase 30 por cento do gasto de capital global nos próximos 12 meses, segundo a Bloomberg Intelligence. Trata-se de uma grata surpresa para exportadores asiáticos especializados em tecnologia, como Japão, Coreia do Sul e Taiwan.

A taiwanesa Win Semiconductors, que fabrica componentes com laser para a função Face ID do iPhone X, planeja ampliar o gasto de capital para 7 bilhões de novos dólares taiwaneses (US$ 239 milhões) neste ano, contra 4 bilhões de novos dólares taiwaneses em 2017. A AMS, que tem sede na Áustria e produz sensores óticos para telefones celulares e é fornecedora da Apple e da Samsung, ampliou o gasto de capital para 582 milhões de euros (US$ 714 milhões) em 2017, contra 91,7 milhões de euros um ano antes, basicamente devido à expansão em Cingapura, informou a empresa em comunicado. A empresa estima um gasto adicional de US$ 600 milhões neste ano.

Investimento automotivo

As fabricantes de automóveis da Europa, do Japão e da China deverão ampliar as despesas de capital em 40 por cento, 23 por cento e 21 por cento nos próximos 12 meses, segundo a Bloomberg Intelligence. A Volkswagen investirá mais de 34 bilhões de euros nos próximos cinco anos no desenvolvimento de tecnologia automotiva para uma era de táxis-robôs elétricos.

Certamente nem tudo são flores. As tensões entre os EUA e parceiros comerciais importantes se mantêm e nem todas as regiões do globo registram a mesma recuperação das despesas de capital. Na América Latina, região que ainda se recupera da recessão no Brasil e da volatilidade no México em meio às longas negociações para a reformulação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), o investimento ainda não mostrou uma recuperação forte.

As despesas de capital das 20 maiores empresas da América Latina caíram 21 por cento em 2016, para US$ 51,8 bilhões, em comparação com o ano anterior, segundo dados da Bloomberg. A desaceleração se manteve em 2017, sendo que apenas a Petrobras -- tradicionalmente a maior investidora corporativa da região -- representou um corte de US$ 7,5 bilhões nas despesas de capital.

--Com a colaboração de Vince Golle Adela Lin Debby Wu Fergal O'Brien Fabiola Moura e Christoph Rauwald