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Merck consolida liderança no combate ao câncer de pulmão

Bailey Lipschultz e Jared S. Hopkins

16/04/2018 14h19

(Bloomberg) -- A Merck & Co. pode ter acabado de dificultar a situação da concorrente Bristol-Myers Squibb em um momento em que os investidores analisam novos dados que poderiam mudar o tratamento do câncer de pulmão, de longe a forma mais letal da doença nos EUA.

O Keytruda, da Merck, aliado à quimioterapia mostrou resultados "capazes de mudar as práticas" em um estudo apresentado no encontro da Associação Americana de Pesquisa do Câncer (AACR, na sigla em inglês). A combinação de medicamentos da Bristol-Myers também atingiu o objetivo em certos grupos de pacientes, mas a empresa ainda não tem informações gerais sobre sobrevivência, e os médicos ainda não veem um benefício suficiente para adotarem um regime que exigiria exames adicionais nos pacientes.

A Bristol-Myers precisava de um trunfo para reduzir a diferença em relação à Merck, que conseguiu a aprovação para o Keytruda para câncer de pulmão em maio do ano passado com base em um teste inicial. Antes da divulgação dos dados, o Credit Suisse havia afirmado que a Bristol-Myers poderia chegar a recuar 6 por cento se os resultados decepcionassem. As ações da empresa caíram 15 por cento nos últimos dois meses.

A Bristol-Myers tem estudado uma combinação de dois de seus medicamentos em pacientes recém-diagnosticados com câncer de pulmão. Em um estudo com 299 pacientes, os pacientes com câncer de pulmão avançado que receberam uma combinação de Yervoy e Opdivo tiveram 42 por cento menos chances de que a doença progredisse, em comparação com pacientes submetidos apenas à quimioterapia, de acordo com dados apresentados na reunião da AACR. A Bristol-Myers havia informado em fevereiro que o teste teve sucesso, mas não forneceu detalhes específicos.

A Bristol-Myers fez uma mudança no meio do teste, o que levou alguns céticos a questionar se o laboratório farmacêutico estava alterando o teste para tentar criar um resultado melhor. Em vez de um indicador que a Bristol-Myers havia usado em testes anteriores, a companhia decidiu se concentrar em pacientes cujos tumores tinham alta carga de mutação do tumor (TMB, na sigla em inglês).

Embora esta seja uma boa notícia para a Bristol-Myers, talvez não seja suficiente para ultrapassar a Merck.

"Não acho que haverá um impacto imediato na prescrição do uso ou no comportamento dos médicos", disse Roy S. Herbst, chefe de oncologia do Yale Cancer Center em New Haven, Connecticut. "Este estudo simplesmente afirma que a TMB é claramente um dos muitos marcadores que agora precisam ser considerados enquanto tentamos descobrir como usar a imunoterapia para o câncer de pulmão e os tumores."

--Com a colaboração de Tatiana Darie e Cristin Flanagan