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Engenheiro ileso na ação contra Uber entra na mira do Google

Joel Rosenblatt

30/04/2018 12h44

(Bloomberg) -- Em fevereiro, o acordo da ação judicial da Waymo contra a Uber Technologies por causa de segredos comerciais não resolveu um elemento fundamental: o papel desempenhado por Anthony Levandowski, o engenheiro no centro do suposto roubo de uma importante tecnologia de direção autônoma.

A partir desta segunda-feira, Levandowski vai a julgamento para defender a si mesmo - e a pelo menos US$ 120 milhões em pagamentos de incentivos que ele cobrou da gigante de buscas antes de desertar e trocá-la pela Uber. Ele contesta as alegações do Google, que o acusa de ter violado seu contrato como um dos líderes da unidade de veículos autônomos da companhia, agora chamada de Waymo, ao recrutar funcionários para sua própria empresa, a concorrente Otto.

O caso está em arbitragem privada, a portas fechadas e longe do olhar público. O processo envolve novamente a Uber, embora de forma indireta, em uma briga que a empresa se empenhou em deixar para trás. Isso porque, como parte de seu acordo para adquirir a Otto, a Uber concordou em fornecer cobertura legal a Levandowski, conhecida como indenização, por queixas feitas pelo Google contra ele.

A Uber resolveu as queixas relativas a segredos comerciais em fevereiro pagando o equivalente a US$ 245 milhões em ações à Waymo. Alguns especialistas jurídicos dizem que é curioso que o acordo não tenha solucionado as acusações do Google contra Levandowski, porque esse tipo de acordo geralmente tenta extinguir qualquer exposição legal a um adversário.

Acordo da Otto

"A Uber sabia que teria que indenizar Levandowski", disse Jim Evans, advogado que defende empresas contra processos trabalhistas e não está envolvido no caso. "É surpreendente que [a Uber] não tenha incluído a liberação de Levandowski em conexão com seu acordo, porque eles vão ficar no meio do bolo novamente. Eles continuarão implicados por algo por causa da indenização se Levandowski for atingido."

Matt Kallman, porta-voz da Uber, não quis comentar. Neel Chatterjee, advogado que representa Levandowski na arbitragem, e o Google também preferiram não fazer comentários.

A Uber comprou a Otto, formada pouco antes de Levandowski sair da Waymo em janeiro de 2016, em um negócio avaliado em mais de US$ 600 milhões em ações. A maior parte dessa quantia não foi paga porque o valor foi baseado no cumprimento de metas.

Tecnologia LiDar

Levandowski tornou-se chefe do projeto de direção autônoma da Uber, mas foi rebaixado e acabou sendo demitido quando o processo relativo a segredos comerciais da Waymo esquentou. Ele não foi identificado como réu no processo, mas foi acusado de conspirar com Travis Kalanick, que na época era CEO da Uber, para roubar milhares de arquivos proprietários relacionados à tecnologia LiDar, que ajuda carros sem motorista a ver o ambiente circundante. A Uber negou irregularidades.

A queixa do Google que está em arbitragem não se concentra na tecnologia. Em vez disso, a companhia afirma que Levandowski usou secretamente "informações confidenciais relativas a habilidades, experiências e pacotes de remuneração exclusivos" dos funcionários do Google para induzir alguns deles a ingressar na Otto.

--Com a colaboração de Mark Bergen