Bancos miram financiamento verde para combater mudança climática
(Bloomberg) -- Alguns dos maiores bancos da Europa estão revelando planos para emprestar e administrar recursos de formas mais ecológicas em meio à pressão maior por uma prestação de contas pelos riscos associados à mudança climática.
"Está a caminho, essa é uma tendência que já começou", disse Louis Douady, chefe de responsabilidade social corporativa do Natixis em Paris. "A intenção é adaptar nosso balanço à mudança climática, então claramente queremos uma mudança em nossa cesta de negócios."
As instituições financeiras estão começando a participar da luta global contra as mudanças climáticas, movimento que até recentemente era território de organizações sem fins lucrativos e ambientalistas. Natixis, UBS e ING Groep estão entre os bancos que estão revelando iniciativas de financiamento e investimento ambiental de grande escala em um momento em que os bancos centrais e os órgãos reguladores estão ampliando as advertências sobre o risco climático.
O Natixis está trabalhando em um novo indicador codificado por cores que será aplicado a cerca de 60 por cento de suas atividades para estimular negócios mais ecológicos. O sistema, que deve ser iniciado no fim do ano, usa tons de verde, marrom ou neutro para refletir a ponderação de risco de uma transação no balanço do banco. Quanto mais verde o projeto, menor o risco.
'Divisor de águas'
O UBS lançou recentemente uma estratégia de investimento sustentável em seu braço de gestão de riquezas na Suíça, no Reino Unido e na região Ásia-Pacífico que levantou mais de 2 bilhões de euros (US$ 2,4 bilhões) com investidores nos seis primeiros meses do ano.
"A demanda por investimentos sustentáveis e de impacto inegavelmente vem crescendo nos últimos anos", disse James Purcell, chefe de investimentos alternativos e sustentáveis do UBS. "O divisor de águas foi a percepção de que não é preciso sacrificar os retornos para adotar essa estratégia de investimento."
A estratégia é investir em carteiras de ativos cruzados que incluem títulos do Banco Mundial, títulos verdes e fundos de ações com foco ambiental, social e em governança. O administrador de recursos espera que a abordagem gere retornos comparáveis aos das estratégias convencionais.
O ING, em Amsterdã, está concedendo empréstimos ligados à sustentabilidade nos quais o custo do capital flutua dependendo do impacto ambiental do tomador do empréstimo. O banco pode eliminar 5 por cento a 10 por cento do custo quando a empresa melhora suas métricas de sustentabilidade, segundo Leonie Schreve, chefe global de finanças sustentáveis do ING.
Até o momento, o banco realizou mais de 15 transações do tipo, incluindo um empréstimo de 1 bilhão de euros para a empresa de eletrônicos Koninklijke Philips.
Os bancos ainda estão atrasados em relação a administradores de ativos como fundos de pensão e seguradoras no que diz respeito a transformar as preocupações com o clima em ação. Investidores institucionais com US$ 68,4 trilhões sob gestão já aderiram aos Princípios para o Investimento Responsável, comprometendo-se a incorporar fatores ambientais, sociais e de governança (ESG, pela sigla em inglês) a suas decisões de investimento.
Muitas instituições começaram também a se desfazer de ativos do setor de combustíveis fósseis, desde seguradoras como a AXA até a Igreja Anglicana e o fundo de doações da Universidade de Oxford.
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