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Doces e vape de maconha ficam de fora da legalização canadense

Jen Skerritt e Joshua Wingrove

17/07/2018 12h26

(Bloomberg) -- Um importante segmento da indústria da maconha do Canadá continuará proibido por até um ano após a legalização do uso recreativo da droga -- o que dificultará a tarefa de Justin Trudeau de acabar com o mercado paralelo.

Os produtos comestíveis, as bebidas e a erva para cigarros eletrônicos, ou vapes, estão entre os que continuarão proibidos após a legalização da droga, em 17 de outubro. O governo anunciou que quer mais tempo para tratar os "riscos únicos" provocados por essa fatia do mercado, incluindo controle de qualidade, dosagem, tamanho das porções e embalagem.

Até lá, uma parte vital do mercado continuará à espera, o que pode prejudicar o objetivo declarado do governo para a legalização: cortar a subsistência do comércio ilícito. Produtos como pirulitos, biscoitos e trufas com infusão de THC já são disponibilizados pela internet no Canadá e por meio de dispensários que não são sancionados pelo governo.

"Ou o cliente troca para o que nós fornecemos ou fica com o mercado ilícito", disse Bruce Linton, CEO da Canopy Growth, a maior produtora de maconha do Canadá, em entrevista por telefone.

A Deloitte afirmou em relatório, em junho, que houve uma "explosão do interesse" em produtos comestíveis como balas, bebidas, sorvetes e itens assados. A Deloitte estima que seis de cada 10 consumidores usarão a erva dessa forma, que futuramente se tornará parte fundamental de um mercado de maconha legal que deverá chegar a cerca de 4,3 bilhões de dólares canadenses (US$ 3,3 bilhões) no primeiro ano.

Desconfiança

O governo já foi instado a disponibilizar esses produtos mais rapidamente para permitir que os fornecedores legais possam competir com a "mesma diversidade de produtos" disponível no mercado paralelo, segundo um resumo das consultas.

"Faremos uma consulta no outono [Hemisfério Norte] e adotaremos as regras para itens comestíveis em 2019", disse Mathieu Filion, porta-voz do ministro da Saúde do Canadá, por e-mail.

O governo optou por legalizar primeiramente os produtos que "não causarão desconfiança" e lançar outros de forma incremental para ser mais efetivo no desmantelamento do mercado ilícito, disse Linton. Isso dará "espaço de manobra" a empresas como a Canopy em um momento em que esta e outras companhias do setor preparam produtos para o lançamento inicial no quarto trimestre, disse ele.

Caneta vape

No ano passado, a Constellation Brands, que vende a cerveja Corona, comprou uma participação minoritária na Canopy. Rivais como a The Green Organic Dutchman planejam desenvolver um centro de testes e fabricação de produtos para explorar o uso de maconha em produtos como chás gelados, sucos e bebidas esportivas. Linton disse esperar permissões para produtos diferentes até "meados de 2019".

Os produtos comestíveis poderiam responder por cerca de 10 por cento do mercado canadense quando o governo permitir a venda legal de um leque maior de produtos, disse Matt Bottomley, analista da Canaccord Genuity em Toronto, em entrevista por telefone.

"Ninguém se converterá em cliente ou paciente legal enquanto não houver classificações de produtos atraentes", disse. "Canetas vape, comestíveis, bebidas e outros itens do tipo ainda precisam ser considerados em alguma versão desta legislação."

Repórteres da matéria original: Jen Skerritt em Winnipeg, jskerritt1@bloomberg.net;Joshua Wingrove em Ottawa, jwingrove4@bloomberg.net