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Nova arma para startups de blockchain: talentos de prêmios Nobel

Eddie van Der Walt e Agnieszka de Sousa

27/09/2018 15h15

(Bloomberg) -- Agora que a febre das criptomoedas passou, pelo menos por enquanto, as startups de blockchain têm que se empenhar um pouco mais para chamar a atenção. A mais nova arma secreta delas: vencedores do prêmio Nobel.

A Covee Network é o mais recente empreendimento a anunciar uma parceria com um economista de primeira linha: Alvin Roth, especialista em teoria dos jogos e design de mercados que compartilhou o Nobel de Economia em 2012. A Prysm Group tomará emprestado o cérebro - e o nome - de Oliver Hart, da Universidade de Harvard, um dos vencedores de 2016; e a Cryptic Labs fez parceria com Eric Maskin - que dividiu o prêmio em 2007 - e Christopher Pissarides - um dos vencedores de 2010.

Um ano atrás, a simples menção da palavra "blockchain" bastava para despertar interesse. A pioneira da fotografia Eastman Kodak voltou brevemente à fama no ano passado, com uma disparada de 272 por cento no preço de suas ações, após o anúncio de uma criptomoeda que licenciava seu nome. E a fabricante de refrigerantes Long Island Ice Tea se relançou como Long Blockchain e obteve resultados similares, mas acabou sendo acusada de enganar os investidores.

Mas a magia acabou. Em agosto, o financiamento com ofertas iniciais de moedas (ICO, na sigla em inglês), usadas como alternativa às aberturas de capital pelas empresas no setor de criptomoedas, caiu para o patamar mais baixo em 16 meses, segundo dados da Autonomous Research. O bitcoin, a mais antiga no espaço, perdeu mais da metade de seu valor neste ano e é cotado a US$ 6.453.

A pergunta é: os laureados só fornecem seu nome e sua reputação, ou estão completamente engajados nos projetos?

"Quando me propuseram entrar, passei muito tempo pensando se eu seria só um enfeite ou se poderia contribuir de fato", disse Roth, em entrevista por telefone. Ele se convenceu pelo modo como poderia utilizar suas habilidades exclusivas para fundamentar o projeto. "Eles estão adotando a teoria dos jogos como forma de incentivar a participação."

Seriedade

"Foi a seriedade da equipe, e nossas relações atuais, que nos distinguiu" e permitiu que a empresa conquistasse Roth, disse o CEO da Covee, Marcel Dietsch, ex-aluno da Universidade de Oxford, em entrevista por telefone. O interesse manifestado por pensadores sérios "demonstra que o setor de blockchain está crescendo", acrescentou ele.

Usando a rede do Ethereum, Dietsch pretende criar um mercado de habilidades que permitirá a formação de equipes ad hoc para projetos empresariais. Um cientista que desenvolveu um novo medicamento, por exemplo, poderia procurar um especialista em regulamentações e alguém com experiência em marketing. Quando o projeto estiver pronto e o remédio chegar ao mercado, eles poderiam se desmembrar. Dietsch diz que blockchains substituirão a função de intermediação das empresas. Tokens de valor serão utilizados para garantir a participação e resolver o problema da clandestinidade, e contratos inteligentes solucionarão problemas de coordenação.

"Por que a maior parte da força de trabalho é restringida por intermediários centralizados como corporações centenárias?", perguntam Dietsch e sua equipe no white paper da Covee. "Trustes e organizações tradicionais são limitados em termos de escala."

--Com a colaboração de Olga Kharif.

Repórteres da matéria original: Eddie van Der Walt em London, evanderwalt@bloomberg.net;Agnieszka de Sousa em Londres, atroszkiewic@bloomberg.net