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Compradores de painéis solares amaram 2018, fabricantes odiaram

Christopher Martin e Brian Eckhouse

19/12/2018 16h19

(Bloomberg) -- As fabricantes de painéis solares tiveram um 2018 horrível, mas seus clientes adoraram este ano.

As fabricantes de módulos perderam cerca de 40 por cento de seu valor de mercado neste ano, embora a quantidade de instalações tenha batido mais um recorde. O problema? A maioria das fabricantes está tendo que vender módulos solares por menos que o valor dos custos para concorrer com a oferta chinesa. Isso ajudou os compradores de energia solar, que, em alguns casos, passou a ser mais barata do que a energia obtida com combustíveis fósseis.

Após um 2018 catastrófico - que começou com as tarifas impostas por Donald Trump aos equipamentos importados e piorou quando a China eliminou abruptamente os subsídios à instalação de painéis solares -, as fabricantes de painéis começarão 2019 com restrições de custos constantes, mas também com a promessa de maior demanda.

"Tem um lado bom e um lado ruim", disse Jeff Tannenbaum, presidente do hedge fund Fir Tree, que vendeu a incorporadora de projetos de energia solar sPower no ano passado. "As fabricantes não estão mais ganhando tanto com os painéis, mas todos querem os parques solares. O que se vê é um setor que começou a amadurecer."

Ações em queda

A queda das ações neste ano foi encabeçada pela chinesa Yingli Green Energy Holding e pela alemã SolarWorld, que caíram mais de 80 por cento cada.

"A China pisou no freio do setor e nós reduzimos imediatamente nossa projeção para o ano", disse Jenny Chase, analista-chefe de energia solar da Bloomberg NEF. Sua equipe projetava inicialmente que a China, o maior mercado e o maior fornecedor mundial, instalaria o recorde de 60 gigawatts neste ano, mas essa projeção caiu para cerca de 35 gigawatts em junho. Com o surgimento de sinais mais positivos recentemente, esse número deve chegar a cerca de 43 gigawatts, ou até pouco mais, no fim do ano.

Sinais de recuperação estão começando a surgir dos destroços. Depois que as fornecedoras mais alavancadas faliram ou deixaram de ser negociadas, os investidores ficaram com menos opções para procurar pechinchas. A recente recuperação de algumas ações pode ser um sinal disso, disse Jeffrey Osborne, analista da Cowen & Co., em entrevista por telefone.

O número global de instalações deve continuar aumentando durante anos, porque as reduções de preço que estão matando fabricantes abrem grandes mercados novos. Um grupo de países que não está incluído nos 52 principais mercados que a BNEF monitora de perto neste ano instalará mais energia solar do que os EUA pela primeira vez. Esse grupo estava prestes a acrescentar 10.350 megawatts, frente a 877 megawatts em 2017.

Parte do motivo do auge: a energia solar agora muitas vezes é a nova fonte de eletricidade mais barata, especialmente para regiões pobres em recursos e ilhas que dependem da importação de diesel ou carvão.

"O barateamento dos módulos prejudica os fabricantes, mas pode ajudar o setor", disse Yuri Horwitz, CEO da incorporadora de projetos de energia limpa Sol Systems.

"Acho que estamos perto do fundo do poço", disse Osborne, da Cowen. "Alguns investidores ainda sentem um gosto amargo, mas grande parte do choque provocado pelo governo chinês e pelas tarifas já foi absorvida."

--Com a colaboração de Feifei Shen.

Repórteres da matéria original: Christopher Martin em N York, cmartin11@bloomberg.net;Brian Eckhouse em New York, beckhouse@bloomberg.net