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Donos de prédios de escritórios reagem ao avanço da WeWork

Natalie Wong, Ellen Huet e Jack Sidders

19/12/2018 16h17

(Bloomberg) -- A WeWork vem invadindo o terreno de proprietários e corretores de imóveis, que começaram a revidar.

A operadora de espaços compartilhados de trabalho, com valor de mercado de US$ 42 bilhões, está conquistando as grandes empresas que os donos de imóveis comerciais cobiçam como inquilinas. A companhia também está montando uma divisão de investimento para construir edifícios próprios, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

Enquanto isso, gigantes do setor imobiliário como Blackstone Group e Tishman Speyer estão entrando no ramo de espaços flexíveis e os corretores reclamam que a WeWork tira mercado deles.

Em oito anos de existência, a WeWork já mudou a cara do setor ? e vem mais por aí. Poucos profissionais estão dispostos a falar abertamente sobre uma companhia tão poderosa. Confidencialmente, mais de uma dezena de executivos de bancos e do ramo imobiliário entrevistados pela Bloomberg expressaram ressalvas sobre a startup, que tem o capital fechado. A questão é se a WeWork poderá manter o ritmo acelerado de expansão ? e seu gigantesco valor - se os atritos continuarem.

"Ao participar em praticamente todos os elementos da cadeia alimentar do setor imobiliário, a WeWork se verá em situações altamente competitivas", disse Cedrik Lachance, diretor de pesquisas sobre fundos imobiliários da Green Street Advisors. "Isso pode limitar sua capacidade de acessar alguns prédios."

Com a retaguarda da japonesa SoftBank Group, a WeWork se tornou uma das mais valiosas startups do mundo. No terceiro trimestre, a companhia operava mais de 300 locais em 83 cidades e se tornou a maior usuária privada de escritórios em Manhattan, Londres e Washington. De certo modo, foi uma benção para o setor imobiliário, ajudando os proprietários a ocupar áreas vazias e gerando grandes comissões para corretoras.

A companhia começou assinando contratos de locação de 10 a 15 anos, reformulando os interiores e alugando mesas individuais ou pequenos escritórios para startups. Mas ultimamente, a WeWork chegou aos grandes clientes: mais de 30 por cento dos associados trabalham em companhias com 1.000 funcionários ou mais. Na divisão dedicada aos maiores usuários, a WeWork cuida do design e operação de escritórios com vários andares, como os senhorios tradicionais.

"Inicialmente muita gente pensava que as provedoras de escritórios compartilhados traziam inquilinos", disse Tony Malkin, presidente da Empire State Realty Trust, dona do Empire State Building, em Nova York. "Mas com a expansão da WeWork e outras provedoras na solução empresarial, acho que vimos que traz mais rupturas nos relacionamentos entre proprietários e inquilinos, inquilinos e corretores e corretores e proprietários."

Novo fundo

A WeWork testa atuar como proprietária de imóveis, após a compra do edifício da Lord & Taylor em Manhattan em sociedade com a firma de private equity Rhone Group. A empresa também está captando recursos para um fundo de investimento chamado ARK que fará aquisições, de acordo com pessoas a par do assunto que pediram anonimato.

A WeWork se recusou a comentar sobre a ARK. O diretor de desenvolvimento Granit Gjonbalaj informa que está contratando gente para diversificar os espaços de coworking para além dos contratos de aluguel de longo prazo. Segundo ele, a WeWork traz valor ao ocupar os edifícios mais rapidamente e quer aproveitar esse potencial.

--Com a colaboração de Gillian Tan e Claire Boston.

Repórteres da matéria original: Natalie Wong em Toronto, nwong133@bloomberg.net;Ellen Huet em São Francisco, ehuet4@bloomberg.net;Jack Sidders em Londres, jsidders@bloomberg.net