Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Guerra comercial afeta grãos e ameaça recuperação da Argentina

Jonathan Gilbert e Patrick Gillespie

16/05/2019 14h19

(Bloomberg) -- A guerra comercial entre Estados Unidos e China representa uma nova ameaça às esperanças de que a frágil economia argentina consiga se recuperar antes das eleições presidenciais de outubro.

O presidente Mauricio Macri precisa de uma supersafra no valor de mais de US$ 20 bilhões em receitas de exportação para tirar a economia da recessão e conseguir combustível para poder ser reeleito. Os preços da soja mostraram recuperação nos últimos dois dias, mas as cotações ainda estão próximas do menor nível em anos com a escalada da guerra comercial, o que significa que Macri pode não se beneficiar totalmente dos ganhos com as enormes safras esperadas de feijão e milho.

Tudo isso ocorre depois de um desastroso 2018, quando uma grave seca reduziu a produção e causou grande impacto na economia, que encolheu 2,5%. A onda de azar enfrentada por Macri, que assumiu o cargo em dezembro de 2015, segue reformas no setor agrícola para reverter políticas protecionistas adotadas pela ex-presidente Cristina Kirchner e ajudar a impulsionar a economia.

Os problemas de Macri continuaram este ano - com a desvalorização do peso, salto da inflação e recessão -, e os eleitores podem trazer Kirchner de volta ao poder na eleição de outubro, caso seja candidata.

Com a maioria dos segmentos da economia em crise, Macri aposta nas exportações de produtos agrícolas para sustentar o peso, aumentar a receita fiscal do governo e estimular o crescimento.

A Argentina poderia perder US$ 1,3 bilhão em receitas de exportação por causa da queda nos preços, segundo Gustavo Lopez, consultor independente de agronegócio em Buenos Aires. Mas uma produção maior do que a esperada compensaria as perdas, e os preços poderiam subir se as condições climáticas desfavoráveis persistirem nas plantações dos EUA, disse Lopez.

Repórteres da matéria original: Jonathan Gilbert em Buenos Aires, jgilbert63@bloomberg.net;Patrick Gillespie em Buenos Aires, pgillespie29@bloomberg.net