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Executivos criticam divisão entre reguladores sobre 737 Max

Julie Johnsson e Richard Weiss

06/09/2019 11h32

(Bloomberg) -- Executivos do setor aviação estão preocupados que uma divisão cada vez maior entre reguladores nos EUA e na Europa prolongue a suspensão dos voos com o 737 Max da Boeing, semeando confusão e medo. Enquanto isso, autoridades trabalham para aprovar a retomada das operações com o MAX após dois desastres aéreos.

Quem soou o alarme esta semana sobre a aliança cada vez mais tênue foi Aengus Kelly, que comanda a maior empresa global de leasing de jatos, e o presidente da United Airlines, Oscar Munoz. Alexandre de Juniac, que lidera a associação aérea global IATA, disse estar "preocupado e decepcionado" com a falta de unidade entre os órgãos reguladores. O pioneiro em financiamento de aeronaves Steven Udvar-Hazy chamou a situação de "território desconhecido".

As discussões regulatórias, que vinham ocorrendo a portas fechadas, vieram à tona depois que o presidente da Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA, na sigla em inglês) disse esta semana que o grupo europeu está conduzindo seu próprio estudo das mudanças de design da Boeing, juntamente com uma revisão mais ampla. Segundo procedimentos adotados em acidentes passados, os reguladores teriam delegado a autoridade à Administração Federal da Aviação (FAA, na sigla em inglês), que coordena a supervisão de jatos fabricados nos EUA.

"O desafio do momento é a certificação", disse Kelly, presidente da AerCap Holdings, em entrevista à Bloomberg TV na quinta-feira com. "Quando este avião poderá voar em uma base global?"

Linha do tempo

A Boeing disse que o Max ainda está dentro do prazo para ser liberado por reguladores dos EUA no início do quarto trimestre. A Southwest Airlines, maior operadora do modelo, acredita que a aprovação provavelmente ocorrerá entre o início e meados de novembro. As companhias aéreas ainda precisarão fazer uma série de preparativos antes que os aviões possam voar, e a Southwest retirou o Max de seu programa de voos até o início de janeiro.

"Continuamos a trabalhar com a FAA e reguladores globais para abordar suas preocupações, a fim de devolver o Max com segurança ao serviço", disse a Boeing em e-mail.

Confiança abalada

A insistência da Europa em uma revisão independente reflete a confiança abalada na FAA depois que as autoridades dos EUA aprovaram um sistema de software que não funcionou no Max por causa de um sensor com defeito. O chamado Sistema de Aumento de Características de Manobra, ou MCAS, empurrou o nariz do Max para baixo em ambos os acidentes, até os pilotos perderam o controle. No total, 346 pessoas morreram nos dois desastres.

De Juniac, presidente da IATA, citou a discórdia entre a FAA e reguladores na Europa e no Canadá como particularmente preocupante, dizendo que os riscos da aviação emergem da crise do Max com uma "colcha de retalhos de sistemas diferentes", em vez da abordagem unificada que funcionou "fantasticamente" por anos.

"Pedimos aos reguladores que se unam para ter um único processo de certificação, para manter o reconhecimento mútuo, uma única agenda e uma única condição para entrar em serviço", De Juniac disse à TV Bloomberg na sexta-feira.

A EASA confirmou em e-mail que o que a Boeing apresentou até agora "não atende totalmente às nossas preocupações".

--Com a colaboração de Alan Levin, Shery Ahn, Paul Allen e Anna Edwards.

Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Julie Johnsson em Chicago, jjohnsson@bloomberg.net;Richard Weiss em Frankfurt, rweiss5@bloomberg.net