Boeing vê demanda por 2.960 aviões na América Latina em 20 anos
O mercado de aviação na América Latina vai mais do que dobrar nos próximos 20 anos, à medida que a economia do Brasil se recupera e as operadoras low cost impulsionam a demanda, gerando a necessidade de 2.960 novos aviões na região, segundo a Boeing Co.
"As empresas aéreas low cost têm sido o verdadeiro motor de crescimento na América Latina", disse Darren Hulst, diretor de análise de mercado e suporte a vendas da Boeing, em entrevista em São Paulo. As low cost já representam 35% do mercado total e vão continuar puxando a demanda na região, ao tornar acessíveis as viagens aéreas para a população de mais baixa renda, ele disse.
O número de passageiros transportados por empresas aéreas da América Latina mais do que dobrou nos últimos dez anos e deve crescer 3,6% ao ano durante os próximos vinte anos, segundo dados da Iata — International Air Transport Association.
Dos novos aviões que o setor vai precisar até 2038 na América Latina — a um valor estimado em US$ 500 bilhões — 1.160 substituirão aviões mais antigos e 1.800 vão expandir a frota, disse Hulst.
Com isso, número total de aeronaves deve somar 3.380, incluindo as 420 remanecentes da frota atual. Em 2018, eram 1.580 aviões, segundo levantamento da Boeing.
Embora a maior parte da demanda seja para os aviões de corredor único, como o 737 Max 10 ou o Airbus A321, a busca por aviões maiores, para viagens de mais de 5.000 km, como os Boeing 777 e 787, deve crescer em ritmo mais acelerado, disse Hulst.
O Brasil, o maior da região, com cerca de 40% do mercado total, deve crescer pelo menos 4% a 5% em 2020, à medida que o crescimento econômico for retomado e seja reposta capacidade no mercado de aviação, disse Hulst. Esse número garante que o país passe o Japão para se tornar o quinto maior mercado de aviação do mundo já no ano que vem, disse, citando dados da International Civil Aviation Organization, da ONU.
A Oceanair Linhas Aereas Ltda., que operava sob a marca Avianca Brasil e tinha mais de 13% do mercado, deixou de operar em maio, depois de entrar com pedido de recuperação judicial. A Gol Linhas Aereas Inteligentes SA, que tem uma frota totalmente de aviões da Boeing, está sem pode voar 18 jatos, ou 14% do total da sua frota, devido aos problemas com o Max, e também com questões estruturais nos modelos 737 NG, mais antigos.
"Nos últimos dez anos, o Brasil cresceu duas vezes mais rápido do que o resto da América Latina", disse Hulst. "A perspectiva para 2020 é ainda melhor porque vamos ter capacidade de volta, com outras aéreas" preenchendo o vácuo deixado pela Avianca Brasil.
Embora o 737 Max da Boeing, que está sem poder voar, tenha perdido 93 encomendas nos dez primeiros meses do ano, entre cancelamentos e conversões, Hulst não espera impacto nas vendas na região.
"O mercado é forte e estamos em constante diálogo com nossos clientes sobre as suas necessidades", disse Hulst. "Essa é uma aposta de longo prazo."
O Max está em solo em todo o mundo desde março, quando os reguladores proibiram o avião de voar depois de dois acidentes fatais que mataram 346 pessoas.
*Com a colaboração de Julie Johnsson.
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