Empresas dos EUA não conseguem fazer previsões para acionistas
(Bloomberg) -- A temporada de balanços deveria ser marcada por clareza, dando aos investidores uma visão detalhada da saúde das empresas e a chance de ouvir dos executivos o que vem por aí. Não desta vez.
Passada uma semana e só está claro que ninguém tem confiança para fazer previsões de lucros ou vendas para os próximos meses. As estimativas dos analistas, que já estavam bastante dispersas nos primeiros dias da pandemia de coronavírus, permanecem totalmente inconsistentes, com a diferença entre as maiores e menores previsões batendo recordes.
A falta de clareza é a nova realidade do mercado. O véu de incerteza que caiu sobre as ações não é tão diferente das dúvidas das pessoas sobre como ficará a economia e a vida cotidiana. A falta de "guidance" significa que, por enquanto, os investidores não podem avaliar ações empregando as métricas de lucro que usavam no passado.
"Como aconselham as mães: 'Se você não tem nada bom para dizer, não diga nada'", disse JJ Kinahan, estrategista-chefe de mercado na TD Ameritrade. "Não é que eles não podem dizer algo bom, é que eles não sabem o que dizer."
Geralmente, os acionistas recebem informações das próprias empresas e de firmas de pesquisa com estimativas para receitas e lucros futuros, dando uma ideia do valor de uma ação. Sem previsões, as expectativas de volatilidade nos dias de divulgação de resultados aumentaram e os gestores de fundos estudam métricas de menor qualidade, como liquidez e alavancagem, para tentar avaliar ações.
Das quase 50 empresas que divulgaram resultados até a manhã de segunda-feira, apenas nove forneceram sinalização para os lucros este ano, segundo o Credit Suisse. Entre as nove, apenas três atualizaram previsões na divulgação, enquanto seis empresas retiraram projeções anteriores.
O tamanho da amostra talvez seja pequeno, mas oferece uma visão do pensamento dos executivos na crise. Até agora, eles estão mais propensos a esperar para ver do que a tentar prever como ficarão os negócios nos próximos meses. Isso ocorre em um momento em que o S&P 500 registrou a primeira semana de ganhos desde o início da volatilidade. O índice agora está 28% acima das mínimas do final de março.
A falta de orientação pelas empresas causará um efeito secundário, de acordo com o estrategista-chefe de renda variável nos EUA do Credit Suisse, Jonathan Golub.
"Estamos voando às cegas", escreveu ele em nota enviada a clientes. "Na falta de orientação, os analistas não reduzirão totalmente as estimativas de resultado. Em outras palavras, a falta de orientação deve deixar as estimativas muito altas para trimestres futuros, mesmo após a divulgação de balanços do primeiro trimestre."
Os analistas que cobrem as empresas agora esperam que os lucros das componentes do S&P 500 caiam em todos os trimestres deste ano quando comparados ao mesmo período do ano passado. A queda anual em 2020 chegará a quase 17%, de acordo com previsões compiladas pela Bloomberg Intelligence.
©2020 Bloomberg L.P.
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