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Novas medidas de estímulo são pontos essenciais do discurso de Bernanke

Macarena Vidal.

25/08/2011 13h21

Propor, ou não propor, novas medidas de estímulo monetário da economia é o ponto essencial do discurso que fará nesta sexta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, em Jackson Hole, no centro-oeste dos Estados Unidos, e que mantém os mercados sob expectativa.

Seu discurso na cúpula do Fed neste famoso destino de férias no estado de Wyoming ocorrerá em um momento de incerteza sobre a economia americana e amplas oscilações nos mercados.

Um crescimento morno, indicadores frágeis e um índice de desemprego em 9,1% - com perspectiva de manter-se nesse patamar até 2014, pelos cálculos do Escritório de Orçamento do Congresso - fizeram despertar o temor de que os Estados Unidos possam cair em uma nova recessão, após a sofrida em 2008 e da qual o país ainda luta para recuperar-se.

Se for assim, uma das grandes preocupações é que tanto o Governo quanto o Federal Reserve já tenham utilizado quase todas as armas a seu alcance.

Em particular, o novo acordo para o corte do gasto público alcançado no início do mês entre democratas e republicanos, que prevê eliminar despesas entre US$ 2,1 trilhões e US$ 2,4 trilhões na próxima década, ata as mãos do Governo federal na hora de aplicar medidas de estímulo.

Por isso, mais do que tudo os mercados reivindicam ao chefe do Fed clareza em sua mensagem desta sexta-feira. Clareza para explicar qual é o verdadeiro estado da economia e se a instituição que lidera se dispõem aplicar novas medidas.

Nesse mesmo cenário, no ano passado, Bernanke adiantou a compra em massa dos bônus do Tesouro dos EUA no valor de US$ 600 bilhões para injetar liquidez na economia, em um movimento conhecido como "quantitative easing" (expansão quantitativa).

A iniciativa gerou inúmeras críticas entre os países do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países desenvolvidos e os principais emergentes), especialmente China e França. Os analistas estão com opiniões divididas sobre sua eficácia, visto o arrefecimento da economia nos últimos meses.

Uma das possibilidades com as quais se conjectura é que Bernanke anuncie uma nova rodada de quantitative easing (QE3), embora nesta quinta-feira isso seja considerado menos provável.

O presidente do Federal Reserve Bank de St. Louis, James Bullard, indicou em declarações ao jornal japonês "Nikkei" que, apesar de o Fed poder comprar mais bônus se for registrada uma deterioração da economia, agora não é o momento de uma iniciativa dessas.

Outra possibilidade com a qual se conjetura, e a considerada mais provável, é a compra de bônus de longo prazo - para garantir que os juros se mantenham em um nível baixo - ao tempo em que vende uma quantidade similar de bônus no curto prazo.

Embora isso pressione as taxas de juros no curto prazo, a preocupação é menor dado que em sua última reunião, o Comitê de Mercado Aberto do Fed já anunciou que manteria os juros em nível reduzido ao menos até 2013.

Bernanke poderia colocar sobre a mesa uma redução das taxas de juros dos depósitos bancários no curto prazo.

De qualquer maneira, qualquer das opções tem como objeto estimular os bancos a aumentar seus créditos, entre outras coisas, e com isso estimular o crescimento da economia.

Um dos fatores que está retendo a recuperação, precisamente, tem sido a recusa dos bancos de conceder novos créditos após a crise financeira de 2008.

À espera do que possa anunciar o presidente do Fed, Wall Street abriu nesta quinta-feira em terreno negativo e meia hora após o início das operações o Dow Jones Industrial, principal índice desse pregão, descia 0,85%, em um dia marcado pela renúncia de Steve Jobs ao comando da Apple e o investimento de US$ 5 bilhões de Warren Buffet no Bank of America.