Regras da autêntica cerveja alemã completam seu quinto centenário
Rodrigo Zuleta.
Berlim, 7 abr (EFE).- A "Reinheitsgebot", uma norma que fixa os ingredientes que a cerveja alemã pode conter, está prestes a completar 500 anos, em meio a discussões entre defensores, que a consideram a mais antiga lei de proteção ao consumidor, e críticos, que pensam que limita a variedade do produto.
A norma, aprovada em 23 de abril de 1516 em Ingolstadt, na Baviera, determina que a cerveja só pode conter água, cevada, lúpulo e levedura.
Isso significa que se descarta o uso de sabores artificiais, enzimas e conservantes, mesmo que estes estejam permitidos pela legislação europeia.
A Associação de Cervejeiros Alemães considera que a limitação aos quatro ingredientes permite, no entanto, uma ampla gama de variedades e, em uma documentação preparada para o aniversário, lembra que no país os consumidores podem provar um tipo de cerveja diferente durante 15 anos.
Segundo o porta-voz dos cervejeiros alemães, Marc-Oliver Huhnholz, essa grande variedade fez com que na Alemanha tardasse em surgir o movimento da cerveja artesanal. A necessidade de buscar novos tipos de cerveja era menor que em outros países, como os Estados Unidos.
"Só estou de acordo com Marc em parte", disse, no entanto, o cervejeiro artesanal Oliver Lemke durante uma reunião com a imprensa estrangeira em sua cervejaria situada em pleno centro de Berlim.
"Nunca tivemos a monotonia de outros países, mas não chegamos a explorar todas as variedades que são possíveis dentro da Reinheitsgebot", acrescentou.
Lemke fala da cerveja quase como um sacerdote que fala de sua religião. Lamenta, em tom quase missionário, que haja gente que está há mais de 30 anos bebendo cerveja e não saiba praticamente nada sobre o produto.
"A variedade da cerveja é maior que a variedade do vinho", disse Lemke, enquanto mostrava uma tábua na qual se diferencia mais de 100 tipos de cerveja, dentro dos limites impostos pelos quatro ingredientes básicos.
Lemke destacou que a cerveja é um produto natural - "como o leite", comparou - e que por isso deve ser conservada a uma temperatura adequada.
"Se for exporta ao calor os ingredientes se transformam e o sabor muda", ressaltou, para depois passa a queixar-se que os grandes supermercados ainda não aprenderam isto.
Por trás do bar, Lemke tem uma adega onde, além de guardar alguns barris, organiza degustações com o propósito, segundo ele, de fomentar a cultura cervejaria.
Os participantes recebem consecutivamente amostras de vários tipos de cerveja em taças especiais que permitem captar melhor o aroma. "Não provem ainda, primeiro olhem a cor", orientou.
As diferenças de cor, aroma e sabor dependem, em parte, do ingrediente ao qual se dá prioridade na fabricação da cerveja.
Na degustação se nota que há cervejas que cheiram a coisas que não estão ali - manga, laranja e outras frutas - e isso se deve, segundo Lemke, à variedade de lúpulos que existem dos quais as cervejarias industriais não tiram todo o proveito possível.
Isso ocorre antes de tudo com as cervejas que a dão prioridade ao lúpulo, como as inglesas. Na pils o centro é a cevada, enquanto em certas cervejas bávaras o sabor é dado antes de tudo pela levedura.
Alguém, no meio das explicações, pergunta a Lemke se ele só bebe cerveja alemã e ele logo responde.
"Se estou na Bélgica ou na Inglaterra não provo cerveja alemã. Acredito que a cerveja é parte de cada cultura local e gosto de me aproximar dela", comentou.
Na Alemanha, a maioria das cervejarias têm um toque local. Segundo a Associação de Cervejeiros, com exceção de algumas poucas grandes marcas, a maioria delas produz para um mercado de não mais de 80 quilômetros ao seu redor.
Essa tendência se consolidou ainda mais com a aparição dos cervejeiros artesanais, como Lemke.
Berlim, 7 abr (EFE).- A "Reinheitsgebot", uma norma que fixa os ingredientes que a cerveja alemã pode conter, está prestes a completar 500 anos, em meio a discussões entre defensores, que a consideram a mais antiga lei de proteção ao consumidor, e críticos, que pensam que limita a variedade do produto.
A norma, aprovada em 23 de abril de 1516 em Ingolstadt, na Baviera, determina que a cerveja só pode conter água, cevada, lúpulo e levedura.
Isso significa que se descarta o uso de sabores artificiais, enzimas e conservantes, mesmo que estes estejam permitidos pela legislação europeia.
A Associação de Cervejeiros Alemães considera que a limitação aos quatro ingredientes permite, no entanto, uma ampla gama de variedades e, em uma documentação preparada para o aniversário, lembra que no país os consumidores podem provar um tipo de cerveja diferente durante 15 anos.
Segundo o porta-voz dos cervejeiros alemães, Marc-Oliver Huhnholz, essa grande variedade fez com que na Alemanha tardasse em surgir o movimento da cerveja artesanal. A necessidade de buscar novos tipos de cerveja era menor que em outros países, como os Estados Unidos.
"Só estou de acordo com Marc em parte", disse, no entanto, o cervejeiro artesanal Oliver Lemke durante uma reunião com a imprensa estrangeira em sua cervejaria situada em pleno centro de Berlim.
"Nunca tivemos a monotonia de outros países, mas não chegamos a explorar todas as variedades que são possíveis dentro da Reinheitsgebot", acrescentou.
Lemke fala da cerveja quase como um sacerdote que fala de sua religião. Lamenta, em tom quase missionário, que haja gente que está há mais de 30 anos bebendo cerveja e não saiba praticamente nada sobre o produto.
"A variedade da cerveja é maior que a variedade do vinho", disse Lemke, enquanto mostrava uma tábua na qual se diferencia mais de 100 tipos de cerveja, dentro dos limites impostos pelos quatro ingredientes básicos.
Lemke destacou que a cerveja é um produto natural - "como o leite", comparou - e que por isso deve ser conservada a uma temperatura adequada.
"Se for exporta ao calor os ingredientes se transformam e o sabor muda", ressaltou, para depois passa a queixar-se que os grandes supermercados ainda não aprenderam isto.
Por trás do bar, Lemke tem uma adega onde, além de guardar alguns barris, organiza degustações com o propósito, segundo ele, de fomentar a cultura cervejaria.
Os participantes recebem consecutivamente amostras de vários tipos de cerveja em taças especiais que permitem captar melhor o aroma. "Não provem ainda, primeiro olhem a cor", orientou.
As diferenças de cor, aroma e sabor dependem, em parte, do ingrediente ao qual se dá prioridade na fabricação da cerveja.
Na degustação se nota que há cervejas que cheiram a coisas que não estão ali - manga, laranja e outras frutas - e isso se deve, segundo Lemke, à variedade de lúpulos que existem dos quais as cervejarias industriais não tiram todo o proveito possível.
Isso ocorre antes de tudo com as cervejas que a dão prioridade ao lúpulo, como as inglesas. Na pils o centro é a cevada, enquanto em certas cervejas bávaras o sabor é dado antes de tudo pela levedura.
Alguém, no meio das explicações, pergunta a Lemke se ele só bebe cerveja alemã e ele logo responde.
"Se estou na Bélgica ou na Inglaterra não provo cerveja alemã. Acredito que a cerveja é parte de cada cultura local e gosto de me aproximar dela", comentou.
Na Alemanha, a maioria das cervejarias têm um toque local. Segundo a Associação de Cervejeiros, com exceção de algumas poucas grandes marcas, a maioria delas produz para um mercado de não mais de 80 quilômetros ao seu redor.
Essa tendência se consolidou ainda mais com a aparição dos cervejeiros artesanais, como Lemke.
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