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Economia da Argentina se recupera em tempo recorde, garante governo do país

27/08/2020 19h37

Buenos Aires, 27 ago (EFE).- O governo da Argentina anunciou nesta quinta-feira que a economia do país começou a se recuperar após a profunda queda na atividade registrada no início da quarentena devido à pandemia do coronavírus, em março, que agravou a recessão sofrida há mais de dois anos.

"A Argentina, que naturalmente teve uma queda na atividade, está começando a se recuperar em tempo recorde, em tempo acelerado. Acredite que estamos no caminho da reconstrução da atividade econômica", declarou o chefe de Gabinete de Ministros do governo argentino, Santiago Cafiero, em seu discurso durante a etapa local do Conselho das Américas, que foi realizada via internet.

O chefe do Gabinete do governo de Alberto Fernández reconheceu que há uma heterogeneidade na máquina produtiva local que faz com que os reflexos sejam desiguais. "Há setores que estão se tornando dinâmicos em velocidades mais altas do que no ano passado", enalteceu.

A atividade econômica caiu 12,3% no interanual em junho, percentual menor que os das quedas de 26% em abril e 20,5% em maio, como resultado das severas restrições impostas pelo governo para conter a transmissão do vírus SARS-CoV-2. Começou a haver uma reabertura gradual nos últimos meses, embora a pandemia esteja em seu auge no país vizinho atualmente.

No primeiro semestre do ano, o indicador caiu 12,9%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC).

"Esperamos ansiosamente os resultados de agosto, mas sabemos que estamos no caminho da recuperação porque temos certos sinais, o valor do crédito, o programa 'Ahora 12' (que permite o pagamento das compras em 12 parcelas), são termômetros de como o consumo vem evoluindo", disse Cafiero.

INFLAÇÃO É PROBLEMA CRôNICO NA ARGENTINA.

O presidente do Banco Central da Argentina (BCRA), Miguel Ángel Pesce, concordou em seu discurso ao Conselho das Américas que, devido ao impacto da pandemia, a queda do produto interno bruto foi muito acentuada. Entretanto, como ele frisou, logo depois fez um 'V', como ocorrido em vários países depois que as atividades econômicas foram retomadas.

Entretanto, Pesce adimitiu que o país vizinho enfrenta várias dificuldades, incluindo um problema crônico de inflação. "Desde 2011, a Argentina não consegue encontrar um caminho de crescimento sustentado. Isso levou nosso país a ter níveis de pobreza e desigualdade que são difíceis de suportar", comentou.

O presidente do BCRA ressaltou que, diante da impossibilidade de recorrer aos mercados internacionais para se financiar, o governo teve que apelar para a assistência do Banco Central ao Tesouro. A medida teve o intuito de enfrentar o aumento dos gastos para sustentar as receitas dos setores e empresas mais vulneráveis durante a quarentena.

"A emissão de dinheiro do Banco Central tem sido importante, mas temos tido sucesso na medida em que essa maior emissão monetária não se traduziu em aumentos de preços ou em uma aceleração da inflação. Pelo contrário, nestes meses tivemos uma morigeração do processo inflacionário", enfatizou.

Depois de registrar 53,8% de inflação em 2019, neste ano, o processo foi desacelerado, e nos primeiros seis meses de 2020 acumulou um aumento de 15,8%. De acordo com Pesce, o aumento de preços está ligado à instabilidade da moeda. "A fraqueza do peso levou a um processo de dolarização muito significativo", destacou.

De acordo com as estimativas, a Argentina tem notas de moeda americana em seu território na ordem de US$ 170 bilhões, e por isso, segundo Pesce, o primeiro desafio é ser capaz de canalizar essas economias para investimentos e financiamentos. "A Argentina tem hoje uma taxa de câmbio competitiva, que não precisa de desvalorizações adicionais", opinou.

AUMENTAR EXPORTAÇÕES.

Tanto o presidente do Banco Central quanto o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, apontaram os problemas que o país vizinho está enfrentando no setor externo como resultado da queda nas exportações, de US$ 85 bilhões em 2011 para os atuais US$ 65 bilhões.

"A Argentina precisa exportar mais, tem vantagens porque é uma grande produtora de alimentos, especialmente proteínas, e também um grande potencial na produção de hidrocarbonetos e seus derivados, como o desenvolvimento de gás de xisto e óleo de xisto (não convencionais), além de seu desenvolvimento tecnológico", disse Pesce.

O ministro, por sua vez, afirmou que as exportações argentinas são muito baixas e pediu para que os produtos agrícolas com valor agregado sejam impulsionados. Além disso, ele quer foco na produção de alimentos para as pessoas, e não apenas para os animais, como é atualmente o caso da soja - o principal produto de exportação - e do milho.