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Algas nocivas causam a morte de quase 5,6 mil toneladas de salmão no Chile

12/04/2021 22h55

Santiago, 12 abr (EFE).- Autoridades do Chile informaram nesta segunda-feira a retirada de 5.595 toneladas de salmões mortos devido à proliferação de algas nocivas, um fenômeno que especialistas classificam como uma "catástrofe ambiental" e pelo qual culpam tanto as mudanças climáticas quanto a "salmonicultura irresponsável".

As microalgas, que deixam os peixes sem oxigênio, atingem há várias semanas as regiões de Aysén e Los Lagos, que ficam no sul do país e lideram a produção nacional de salmão, sendo responsáveis por 88% da safra total.

Em menos de uma semana, 3.076 toneladas de salmão foram perdidas em Los Lagos - o que equivalente a 11,8% da biomassa ativa -, e 2.519 toneladas em Aysén, disse o Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura (Sernapesca) em comunicado.

Das 5.595 toneladas de peixes mortos, foi possível remover cerca de 95%, que foram levados com barcos e caminhões até as plantas redutoras com objetivo de evitar danos ambientais, acrescentou o Sernapesca.

Esse fenômeno levou quase 20 centros de cultivo a implementar planos de ação para mortalidade em massa e afetou a produção de várias das grandes produtoras de salmão.

MORTALIDADE POR ALGAS NOCIVAS.

A bióloga chileno-alemã Vreni Häussermann explicou à Agência Efe que a mortalidade dos peixes se deve ao fenômeno FAN (Floração de Algas Nocivas), que ocorre quando um aumento de nutrientes na água provoca um estado de eutrofização que deixa a flora e fauna marinhas sem oxigênio.

Segundo especialistas, essa situação está relacionada com fatores climáticos, como aumento da radiação solar ou a falta de chuva, mas é em grande parte causada por vazamentos de empresas de cultivo de salmão que vão parar no fundo do mar e bloqueiam o oxigênio.

"Estamos em um momento de catástrofe ambiental, é uma situação dramática, e o pior ainda está por vir", alertou Häussermann, diretora do Centro Científico Huinay, da Patagônia.

O Greenpeace Chile alertou sobre o impacto que o fenômeno FAN tem no ecossistema e a biodiversidade da região, que ameaça peixes, corais e outras algas.

"Isso é um crime e deve ser investigado. Os viveiros de salmão não podem ficar sistematicamente poluindo nosso mar", disse Estefanía González, porta-voz do Greenpeace, à Efe.

Já o Salmon Council, uma associação comercial que reúne quatro grandes empresas de salmão, afirma que as florações de algas nocivas são causadas pelas mudanças climáticas e são uma "preocupação permanente" que as levou a tomar "medidas preventivas através de sistemas de oxigenação".

O Chile é o segundo maior produtor mundial de salmão, atrás apenas da Noruega, e no ano passado as exportações do país somaram US$ 4,382 bilhões, com queda de 14,6% em relação ao ano anterior, segundo dados do Salmon Council.