Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Petros quer diversificar investimentos

Renata Agostini, Renata Batista e Mônica Ciarelli

São Paulo

11/05/2018 08h00

Segundo maior fundo de pensão do país, a Petros, dos funcionários da Petrobras, anseia pelo dia em que poderá se posicionar exclusivamente como investidor financeiro, sem se preocupar com a gestão de empresas.

Da fundação, que voltou a ser ativa na procura por novas oportunidades, o dinheiro tem saído em proporções bem menores que no passado, direcionado preferencialmente a fundos de investimentos. A postura frente a problemas em empresas já investidas tem sido a de buscar formas de evitar novos desembolsos, como nos casos de BRF, Invepar e, indiretamente, na Vale.

Na BRF, dona de Sadia e Perdigão, os sucessivos prejuízos e o fechamento de mercados no exterior levaram o mercado a especular sobre a necessidade de aporte dos sócios para resgatar o negócio. A Petros, porém, descarta a possibilidade de aumento de capital na companhia.

"A dívida é grande, mas o caixa também, e há possibilidade grande de recuperação de margem", disse ao jornal 'O Estado de S. Paulo' e ao 'Broadcast' (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) o presidente da Petros, Walter Mendes.

A Petros, juntamente com o fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ), travou disputa com Abilio Diniz, que no mês passado foi substituído no comando do conselho por Pedro Parente, presidente da Petrobrás. "A BRF é um exemplo de nossa nova linha de atuação. O foco foi mudar o conselho e paramos por aí", disse.

Na Invepar, dona das concessões do metrô do Rio e do aeroporto de Guarulhos, a Petros também pretende manter a postura "mão fechada". Segundo Mendes, a empresa sofre, pois a crise econômica chegou quando estava com endividamento alto, mas tem bons ativos. Medidas que incluam aportes no negócio não são vislumbradas. Entre as soluções apontadas, estão venda de ativos da Invepar para equacionar a dívida até a saída da Petros da empresa.

O problema é achar comprador disposto a pagar o que os sócios da Invepar pedem. O fundo Mubadala negociou por meses com exclusividade sem que um acordo fosse fechado. "Acreditamos em desfecho para a situação da Invepar este ano. Existem interessados pelos ativos separadamente e pela holding, e a gestão da empresa também busca fontes de financiamento", disse Daniel Lima, diretor de investimentos da Petros.

No caso da Vale, onde ainda avalia o momento certo de iniciar a venda de sua fatia, a Petros tenta evitar uma conta de cerca de R$ 4 bilhões que o banco Opportunity cobra há quase dez anos dos fundos de pensão e da Bradespar em um processo arbitral.

Para isso, Petros e seus sócios Previ, Funcef (da Caixa Econômica Federal) e Funcesp (da Cesp) - que usam a Litel como veículo de investimento na mineradora - estudam entrar com ação contra a Bradespar, de quem são parceiros desde a privatização.

O objetivo é reduzir ou evitar a parte da conta que caberia aos fundos, caso o Opportunity confirme na Justiça o direito à indenização. "É uma briga que vai demorar muito. Mas não atrapalha na venda da fatia (dos fundos na Vale)", disse Mendes, sem confirmar a análise de ação contra a Bradespar. Segundo ele, qualquer decisão será tomada em conjunto com os demais fundos.

Novos investimentos

A Petros planeja começar a investir no exterior já no segundo semestre. Os novos aportes ocorrerão preferencialmente por meio de fundos para garantir a liquidez, aproveitar a experiência dos gestores de mercado e aumentar a governança. "Queremos ser donos do nosso próprio destino", disse Lima, explicando que a estratégia se aplica também ao Brasil.

Os recursos para os novos investimentos sairão do plano mais novo da Petros, que soma R$ 18 bilhões em patrimônio. No plano de benefício definido, onde estão os empregados mais antigos da Petrobrás, é onde estão os investimentos mais vultosos em empresas e onde o déficit chega a R$ 28 bilhões - resultado de maus investimentos e desvios que vêm sendo apurados pelas autoridades.

Nesse plano, a Petros iniciou cobrança de valores adicionais para fazer o "equacionamento" do déficit. E avalia mover ações de ressarcimento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.