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Ociosidade se reflete em uso da capacidade instalada e desemprego, diz BC na ata

Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa

Brasília

18/12/2018 10h50

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a avaliar, na ata de seu último encontro, que "os dados indicam continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira". Ao mesmo tempo, o colegiado pontuou que a economia segue operando com alto nível de ociosidade, "refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego".

Inflação subjacente

Em outro trecho da ata, o BC retomou a ideia de que diversas medidas de inflação subjacente estão "em níveis apropriados ou confortáveis", inclusive os componentes de serviços ("mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária").

Estímulo

O Banco Central defende que o atual momento da economia recomenda estímulo através dos juros e também entende que o patamar vigente da taxa Selic gera esse efeito positivo sobre a demanda no Brasil. A avaliação consta do parágrafo 16 da ata da reunião de dezembro.

Nesse trecho do documento, os diretores do BC notam que o atual quadro econômico conta com expectativas de inflação ancoradas, medidas de inflação em níveis apropriados ou confortáveis, projeções em direção às metas para 2019 e 2020 e elevado grau de ociosidade. Essas condições, defende o BC, prescrevem "política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural".

A ata repete que estimativas dessa taxa envolvem elevado grau de incerteza, mas o texto diz que há o entendimento de que "as atuais taxas de juros reais ex-ante têm efeito estimulativo sobre a economia".

Sobre o grau de estímulo à economia, os diretores do BC notam no parágrafo 17 que a intensidade adequada "depende das condições da conjuntura, em particular, das expectativas de inflação, da capacidade ociosa na economia, do balanço de riscos e das projeções de inflação".

Decisões pautadas por cautela

A ata do último encontro do Copom trouxe uma novidade ao abordar os fatores levados em conta pelo colegiado em suas decisões. A instituição destacou três princípios fundamentais considerados por seus membros: a cautela, a serenidade e a perseverança.

No parágrafo 22 do documento, os membros do Copom "ponderaram que cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas".

Para o colegiado, as "decisões pautadas por esses princípios constituem bom guia para a política monetária".

Em outros trechos, a ata registra que os membros do Copom debateram a conveniência de passar sinalizações sobre a evolução futura da política monetária. "Todos concordaram que a atual conjuntura recomenda manutenção de maior flexibilidade para condução da política monetária, o que implica abster-se de fornecer indicações sobre seus próximos passos", registrou a ata. "Os membros do Copom reforçaram a importância de enfatizar seu compromisso de conduzir a política monetária visando manter a trajetória da inflação em linha com as metas."

Assim como vinha fazendo em documentos anteriores, no lugar de sinalizar os próximos passos, os membros do Copom reafirmaram a preferência por "explicitar as condicionalidades sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia suas decisões".

"Isso contribui para aumentar a transparência e melhorar a comunicação do Copom", registrou a ata. "Nesse contexto, (os membros) voltaram a ressaltar que os próximos passos na condução da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação."