Revisões de contas externas em curto espaço de tempo geram insegurança, diz Maia
Ele acrescentou que não estava questionando o mérito das decisões - "mérito pode estar certo" -, mas destacou que o problema é o tempo entre as revisões. Ainda afirmou não achar que as revisões coloquem em risco a credibilidade dos números.
"Não estou discutindo mérito, mérito pode estar certo. O problema é que uma decisão no final de setembro e uma no início de dezembro, está muito perto uma da outra para fazer uma revisão, então ela gera no mínimo desconfiança e insegurança", disse o deputado. "Primeira revisão foi de a setembro, que gerou o maior problema. Foi uma revisão que gerou um aumento do déficit da conta corrente, gerando uma previsão de crescimento desse déficit para o ano de 2021 para 4% do PIB, que geraria uma dificuldade inclusive do Brasil financiar com poupança externa esse déficit", comentou.
Questionado se as revisões põem em risco a credibilidade dos números, Maia disse que não, e acrescentou que o "trabalho é técnico" e não tem influência política. "Não tem pressão para mexer no câmbio, segurar câmbio. É uma mudança de critério. Revisão muito rápida gera uma insegurança, mas eu não tenho essa preocupação (com credibilidade)", disse.
Mudanças
Em 23 de setembro, o Banco Central promoveu ampla revisão nos dados das contas externas do Brasil, alterando as estatísticas contabilizadas desde 2015. O resultado foi um retrato pior do balanço de pagamentos, com déficits maiores da conta corrente e investimentos produtivos menores no Brasil. Em 25 de novembro, o BC promoveu mais uma revisão nos números.
Em função das duas revisões, o rombo em conta corrente de 2018, antes de US$ 14,970 bilhões, saltou para US$ 41,5 bilhões. Na prática, o déficit foi multiplicado por quase três vezes. Em reação, as projeções do mercado financeiro para a conta corrente em 2019 e 2020 também pioraram.
O resultado da conta corrente traduz a relação do Brasil com outros países nas áreas comercial (exportações menos importações), de serviços (gastos com viagens e aluguel de equipamentos, entre outros) e de rendas (pagamentos de juros e remessas de lucros, entre outros).
No fim de novembro, foi a vez de a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia informar que os dados de exportação referentes às primeiras quatro semanas de novembro "sofreram alteração significativa". Com isso, as exportações do acumulado até a quarta semana do mês somaram US$ 13,498 bilhões. O dado divulgado originalmente era de US$ 9,681 bilhões.
Na última segunda-feira, a Secex informou novas revisões: em setembro, o valor exportado passou de US$ 18,921 bilhões para US$ 20,289 bilhões. Em outubro, de US$ 18,231 bilhões para US$ 19,576 bilhões. O BC informou, também na segunda-feira, que deverá promover nova revisão dos números do setor externo, justamente porque os dados da Secex mudaram.
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