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Para Fed, salto recente na covid preocupa, mas vacina reduz riscos para 2021

Gabriel Bueno da Costa

São Paulo

08/01/2021 13h46

Vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Richard Clarida afirmou nesta sexta-feira, 8, que um "salto" recente nos casos e hospitalizações pela covid-19 é uma preocupação, por trazer riscos de baixa à perspectiva econômica. Por outro lado, ele notou que a vacina contra o vírus "indica que as perspectivas para a economia em 2021 e para além disso melhoraram e os riscos de baixa à perspectiva diminuíram", disse, prevendo que a pandemia possa perder força no país no verão local.

Clarida falou durante evento virtual do Council on Foreign Relations. Em seu discurso, ele reafirmou o compromisso do Fed a apoiar o quadro durante a recuperação.

Segundo o dirigente, o BC dos EUA tem usado "todos os instrumentos" para garantir a retomada mais forte possível, mas ainda levará um tempo até que a atividade e o emprego voltem ao nível anterior à covid-19. Nesse contexto, ele lembrou que a inflação tem mostrado fraqueza recentemente, ainda bastante distante da meta do banco central.

Durante a sessão de perguntas e respostas, Clarida lamentou as cenas de invasão ao Capitólio nesta semana, por partidários do presidente Donald Trump. Segundo o dirigente, porém, o importante é que a situação foi controlada e o resultado eleitoral ratificado. "Espero que possamos superar esse episódio e olhar para além dele."

Sobre o payroll, que mostrou mais cedo corte de 140 mil vagas em dezembro, Clarida disse que o número principal foi "um pouco desapontador", mas não surpreendeu, diante do salto recente nos casos da covid-19 no país e de medidas para contê-lo nos EUA.

Para o dirigente, a fraqueza no mercado de trabalho americano não deve prosseguir, ao longo deste ano.

Ativos

Richard Clarida afirmou ainda que sua perspectiva é consistente com a manutenção da compra de ativos "no ritmo atual" em todo o ano de 2021.

Ele disse que "ainda levará um tempo" até o Fed diminuir o ritmo de suas compras, já que a economia está em um "buraco profundo", com o choque da pandemia da covid-19.

Questionado sobre o risco de uma bolha no mercado acionário, o dirigente destacou que o BC monitora o tema, mas a formação de uma bolha não lhe parece um risco particular, neste momento.

O vice-presidente do Fed ainda comentou sobre a alta recente dos retornos dos Treasuries. Segundo ele, não é motivo de preocupação se o juro da T-note de 10 anos ficar "um pouco acima" da marca de 1%.

Sobre a inflação, previu que ela ganhe impulso ao longo deste ano, conforme a economia reage, e possa superar a marca de 2% na primavera local.