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IBGE: Faltou trabalho para 32,9 milhões de pessoas no trimestre até maio

IBGE divulgou hoje dados da Pnad Contínua, que apontou estabilidade no alto nível de desemprego no país - Juca Varella/Folhapress
IBGE divulgou hoje dados da Pnad Contínua, que apontou estabilidade no alto nível de desemprego no país Imagem: Juca Varella/Folhapress

Vinicius Neder

Rio

30/07/2021 10h58Atualizada em 30/07/2021 17h46

No trimestre terminado em maio de 2021, faltou trabalho para 32,946 milhões de pessoas no país, segundo os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A taxa composta de subutilização da força de trabalho subiu de 29,2% no trimestre até fevereiro para 29,3% no trimestre até maio. O indicador inclui a taxa de desocupação, a taxa de subocupação por insuficiência de horas e a taxa da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar. No trimestre até maio de 2020, a taxa de subutilização da força de trabalho estava em 27,5%.

A população subutilizada subiu 0,9% ante o trimestre até fevereiro, 305 mil pessoas a mais. Em relação ao trimestre até maio de 2020, houve um avanço de 8,5%, mais 2,575 milhões de pessoas.

Dentro do contingente para o qual faltava trabalho, havia 5,710 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em maio. O resultado significa 242 mil desalentados a menos em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, um recuo de 4,1%. Em um ano, 299 mil pessoas a mais caíram em situação de desalento, alta de 5,5%.

A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade —e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial.

Carteira assinada

O trimestre encerrado em maio de 2021 mostrou a abertura de 102 mil vagas com carteira assinada no setor privado em relação ao trimestre encerrado em fevereiro. Na comparação com o trimestre até maio de 2020, 1,304 milhão de vagas com carteira assinada foram perdidas no setor privado.

O total de pessoas trabalhando com carteira assinada no setor privado foi de 29,798 milhões no trimestre até maio.

Os dados são diferentes, tanto em termos de metodologia quanto de período de referência, das informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), registro administrativo de responsabilidade do Ministério da Economia, divulgadas ontem.

Conforme o saldo de demissões e admissões do Caged, foram criadas 309.114 vagas de emprego formal em junho, após a criação de 276.043 postos em maio. No acumulado do primeiro semestre de 2021, ao saldo do Caged aponta para a criação de 1,536 milhão de vagas.

Nos seis primeiros meses do ano passado, foram extintos 1,198 milhão de empregos formais, em meio à crise causada pela covid-19.

Informalidade

O Brasil alcançou uma taxa de informalidade de 40% no mercado de trabalho no trimestre móvel até maio, com 34,712 milhões de trabalhadores atuando informalmente, segundo os dados da Pnad Contínua agora divulgada.

Em um trimestre, 698 mil pessoas a mais passaram a atuar como trabalhadores informais. Na comparação com o trimestre móvel encerrado em maio de 2020, são 2,415 milhões a mais na informalidade.

Ainda assim, esse contingente está abaixo dos níveis pré-pandemia. O auge desse contingente foi registrado no trimestre móvel terminado em novembro de 2019, com 38,833 milhões de trabalhadores.

O contingente do trimestre até maio está 4,121 milhões abaixo do pico pré-pandemia, ressaltou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Nesse grupo, 9,804 milhões de trabalhadores atuavam no setor privado sem carteira assinada, 8 mil a mais que no trimestre móvel anterior imediatamente anterior. Em relação ao trimestre até maio de 2020, foram criadas 586 mil vagas sem carteira no setor privado.

Já o trabalho por conta própria, majoritariamente informal, ganhou 720 mil pessoas a mais em um trimestre. Em relação ao patamar de um ano antes, há 1,958 milhões de trabalhadores por conta própria a mais, totalizando 24,373 milhões de pessoas.

Na comparação com um ano antes, o trabalho por conta própria puxou a geração de vagas, verificada no crescimento da população ocupada, disse Adriana.

O crescimento de 2 milhões de trabalhadores nesse contingente foi puxado por quatro atividades econômicas, segundo a pesquisadora: 27% dessas novas vagas foram na agricultura e pecuária, 25% na construção civil, 24% nas atividades de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas e o restante, nas demais atividades.

Embora as atividades de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas sejam normalmente exercidas por profissionais liberais, com maior qualificação, o crescimento do trabalho por conta própria foi marcado pela informalidade. Em um ano, são 1,619 milhão a mais de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, disse Adriana.