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Retomada no 2º semestre de 2021 deve ser menos intensa, diz ata do Copom

De acordo com a ata da reunião, os dados mais recentes sobre produção industrial e comércio mostram resultados negativos e abaixo do esperado - iStock
De acordo com a ata da reunião, os dados mais recentes sobre produção industrial e comércio mostram resultados negativos e abaixo do esperado Imagem: iStock

Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues

Em Brasília

03/11/2021 08h21

Enquanto já prevê um ciclo de aperto monetário ainda mais contracionista para a economia, o Copom (Comitê de Política Econômica) do BC (Banco Central) admitiu hoje os últimos indicadores sobre atividade já decepcionaram. O colegiado elevou a Selic (a taxa básica de juros) em 1,5 ponto porcentual na semana passada, para 7,75% ao ano, e já sinalizou um novo movimento de mesma magnitude em dezembro.

De acordo com a ata da reunião, publicada na manhã de hoje, os dados mais recentes sobre produção industrial e comércio mostram resultados negativos e abaixo do esperado. Por outro lado, segmentos de serviços mais atingidos pela pandemia continuam em trajetória de recuperação robusta.

"O Comitê manteve a expectativa de uma retomada da atividade no segundo semestre, ainda que menos intensa e mais concentrada no setor de serviços. Essa reavaliação reflete o impacto das limitações na oferta de insumos em determinadas cadeias produtivas, que devem perdurar até o próximo ano", destacou o BC.

O Copom reconheceu que a elevação dos prêmios de risco e o aperto das condições financeiras desestimulam a atividade econômica para 2022. No entanto, a diretoria do BC avaliou que o crescimento no próximo ano tende a ser beneficiado por três fatores: "a continuação da recuperação do mercado de trabalho e do setor de serviços; o desempenho de setores menos ligados ao ciclo de negócios, como agropecuária e indústria extrativa; e os resquícios do processo de normalização da economia conforme a crise sanitária arrefece".

Por fim, o Copom ainda avaliou que o ambiente externo tem se tornado menos favorável, refletindo a persistência do processo inflacionário global e a consequente reação dos bancos centrais. "O próximo ano deve ser caracterizado por menor crescimento, com a reversão dos impulsos fiscais e avanço nos processos de normalização da política monetária. Para as economias emergentes, essa combinação implica um cenário mais desafiador", concluiu o documento.

Regras fiscais

Após acelerar o ritmo de alta da Selic na semana passada na esteira da manobra do governo para alterar a regra do teto de gastos, o Copom fez uma nova defesa das regras fiscais na ata da reunião.

Os membros da diretoria do BC destacaram que as contas públicas têm tido desempenho melhor que o esperado em 2021 justamente pelo respeito ao teto de gastos. O Copom enfatiza que, caso o atual marco fiscal continue sendo respeitado, a trajetória do endividamento seguirá em queda

"No entanto, surgiram, entre as reuniões do Comitê, questionamentos relevantes em relação ao futuro do arcabouço fiscal atual, resultando em elevação dos prêmios de risco. Esses questionamentos também elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas", alertou o Copom.

O BC deixou claro que esses "desenvolvimentos do cenário fiscal" levaram a um viés ainda mais altista nas projeções de inflação consideradas no cenário básico do Copom. Por isso, o colegiado concluiu que o grau de aperto monetário agora precisa ser "significativamente mais contracionista".

Enquanto o Congresso praticamente paralisou a votação de reformas, a ata reforçou novamente que prosseguir nesse processo de mudanças legislativas é essencial para o crescimento sustentável da economia. "O esmorecimento no esforço de reformas estruturais e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia", completou o documento.