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Propaganda de Lula vai atacar 'caráter eleitoreiro' de Auxílio Brasil

Lula (PT) e Bolsonaro (PL) - Ricardo Stuckert e Clauber Cleber Caetano/PR
Lula (PT) e Bolsonaro (PL) Imagem: Ricardo Stuckert e Clauber Cleber Caetano/PR

Beatriz Bulla e Giordanna Neves

Em São Paulo

08/08/2022 23h08Atualizada em 09/08/2022 10h17

A peça da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que irá para a televisão quando a campanha eleitoral começar oficialmente irá atacar o "caráter eleitoreiro" do Auxílio Brasil aprovado durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Um vídeo com a prévia da propaganda foi apresentado nesta segunda-feira, 8, pelo marqueteiro Sidônio Palmeira ao comando político da campanha de Lula. A peça foi aprovada pelos presentes na reunião — Lula era um deles.

A defesa da democracia tende a ganhar espaço na campanha de Lula. A avaliação feita na reunião desta segunda é de que a dimensão dos atos favoráveis ao sistema eleitoral, que acontecerão nesta semana em São Paulo, tende a galvanizar o voto útil no primeiro turno. Por isso, a campanha deve passar a explorar mais o tema daqui para frente.

A previsão é uma novidade. Até agora, a orientação entre dirigentes da campanha era não inflar a ideia de que há uma tentativa de golpe em curso diante das investidas de Bolsonaro contra as urnas. A avaliação no PT era de que Bolsonaro se alimenta politicamente de confusões, portanto ganha espaço quando Lula repercute suas polêmicas. Petistas diziam que era preciso ter cautela para não se ver em meio às pautas impostas pelo adversário e não fugir da demanda principal do eleitorado petista: o debate sobre a questão social e econômica.

A dimensão do apoio aos manifestos pró-democracia que ganharam corpo nos últimos dias, no entanto, fizeram a campanha repensar a estratégia. Alguns aliados sugerem que o ganho de apoio com a pauta de democracia pode compensar uma eventual perda de votos para Bolsonaro com o pagamento do Auxílio Brasil, a despeito de as mensagens mirarem dois públicos diferentes.

"Vai ter impacto, vai alterar (o quadro eleitoral), estamos contabilizando isso. Em paralelo a isso, tem movimento pró a democracia que pode ter um apoio no voto útil", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha, ao deixar a reunião nesta segunda-feira.

A principal mensagem da peça já aprovada é de que o auxílio de R$ 600 tem data marcada para acabar e chegará ao fim em dezembro. De acordo com a propaganda, com Lula esse benefício será permanente. A ideia também é reforçar a narrativa de que Lula é o político responsável pela criação de programas sociais e que Bolsonaro nunca se preocupou com isso até a véspera das eleições. A peça ainda deve explorar o fato de Bolsonaro ter resistido ao pagamento de R$ 600 de Auxílio Emergencial quando proposto pela oposição durante a pandemia.

O benefício ampliado começa a ser pago nesta terça-feira, 9, e a campanha petista admite que a nova rodada de auxílio tende a ter um impacto favorável a Bolsonaro.

A peça publicitária traz depoimentos de pessoas comuns para construir a narrativa da campanha de Lula, que segue com foco principal na temática da fome e das mazelas econômicas. A ideia é replicar o conteúdo em materiais próprios para as redes sociais. Apoiador recente de Lula, o deputado federal André Janones (Avante) irá ajudar a formular a estratégia de redes sociais. Ele participou nesta segunda-feira, pela primeira vez, da reunião de coordenação campanha petista em São Paulo.

"Vamos dizer que programa social quem fez foi Lula, quem inventou foi Lula. Nunca teve programa social durante governo Bolsonaro", disse Randolfe.

Sobre a pauta da defesa da democracia, Randolfe argumenta, por exemplo, que o eleitorado de Ciro Gomes (PDT) é majoritariamente de classe média e sensível à pauta. "Esse movimento paralelo pode ter papel decisivo no voto útil, na reta final", afirma.

Lula assinou nesta segunda-feira o manifesto organizado por ex-alunos da Faculdade de Direito da USP, mas não presente ir ao evento organizado para o dia 11 de agosto.