Tebet diz enxergar 'janela' para corte de gastos a partir de 2026

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), disse ver uma "janela" para o governo cortar gastos a partir de 2026, algo que não foi possível fazer nos últimos anos. Em entrevista à GloboNews exibida na noite de ontem, ela afirmou que uma "janela de gastança" foi aberta no fim de 2022 para recuperar diversas políticas públicas.

Na visão da ministra, na virada de 2026 para 2027, "seja qual for o próximo presidente", será necessário realizar um ajuste fiscal maior para evitar o crescimento da inflação e da dívida pública. Tebet disse ainda que a proximidade das eleições do ano que vem impede um corte de gastos mais profundo no momento.

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Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento

Tebet revelou que esperava um Congresso "mais fiscalista" durante os dois primeiros anos do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Nós achávamos que teríamos um parceiro mais fiscalista no Congresso Nacional, não foi o que aconteceu", disse a ministra.

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Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento

Déficit zero

A ministra do Planejamento e Orçamento disse também que o fato de o Orçamento de 2025 ainda não ter sido aprovado pelo Congresso "não faz falta", ao menos do ponto de vista fiscal e do equilíbrio das contas públicas. Tebet afirmou que trabalhar com 1/18 do Orçamento, como prevê a legislação enquanto a LOA (Lei Orçamentária Anual) não é aprovada, "não é ruim" para efeito de cumprimento da meta de déficit primário zero - que será cumprida.

"O Orçamento não me faz falta nesse ponto, mas eu preciso por segurança jurídica, precisamos realizar obras e fazer a máquina do governo e da economia andar", disse Tebet. Segundo a ministra, o governo está "colocando tudo" dentro da peça orçamentária, como o Programa Pé-de-Meia e o Auxílio Gás.

Em relação aos próximos passos do governo na seara fiscal, Tebet destacou que o governo não irá "inventar subsídios" ou insistir em "fórmulas passadas" que não deram certo. "Não existe almoço grátis", afirmou a ministra, que chamou o colega Fernando Haddad, da Fazenda, de "herói", por enfrentar resistências dentro do PT.

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Incertezas preocupam

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), disse que os números da economia do país "nunca estiveram tão bons", ao citar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), da renda e do emprego. "Nunca tivemos tantos jovens empregados e nunca tivemos tantas mulheres empregadas, nunca tivemos tanta formalidade", afirmou a ministra.

Na avaliação de Tebet, porém, o cenário de incerteza global está deixando de ser momentâneo para se tornar um fenômeno "estrutural", que se traduz em "insegurança". "A incerteza é a pior palavra quando se trata de economia, mas a incerteza é conjuntural, ela é temporária. Acho que nós estamos passando por algo ainda pior, nós estamos passando por algo estrutural", disse a ministra, que citou também as questões climáticas e os conflitos armados em andamento.

Tebet reconheceu que o governo errou em alguns pontos, especialmente na comunicação com a população, "tanto na forma, quanto no conteúdo". A ministra afirmou, porém, que "aposta todas as fichas" no trabalho do ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, que assumiu o cargo no início do ano.

Tebet disse que o governo não pode "ter medo" de dialogar com a sociedade, mesmo em temas espinhosos, como a discussão sobre o fim da escala de trabalho 6x1. "A jornada 5x2 precisa ser colocada na mesa", disse Tebet, que defendeu um período de transição para as grandes empresas e uma proteção para os pequenos negócios.

Integração econômica

Sundo Tebet (MDB), a integração da América do Sul está "pronta para sair do papel" e sugeriu que o fluxo econômico entre os países da região deverá aumentar. "Nós temos 200 milhões de sul-americanos que são possíveis consumidores nossos, e nós precisamos aproveitar. E eles têm 200 milhões de brasileiros à disposição deles para consumir os produtos deles", afirmou a ministra.

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A proposta de integração, segundo Tebet, não começou agora, mas sim com algumas obras de infraestrutura no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A ministra disse que, por exemplo, a Bolívia possui fertilizantes e minerais nobres que o Brasil precisa utilizar no agronegócio, enquanto o País tem produtos como alimentos semielaborados e automóveis para "abastecer" a Bolívia. "Então, estamos do lado, temos um rio que nos divide, uma ponte que nos une."

A ministra também destacou o potencial que a América do Sul possui para realizar negócios com a China, dada a possibilidade de escoamento de itens pelo Oceano Pacífico. "Não é só pelo Porto de Santos, é pelo Pacífico. Nós vamos diminuir em 10 mil quilômetros a distância. Portanto, nós estamos falando de diminuir o custo dos nossos produtos quando essas rotas estiverem prontas."

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