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Multimercados: conheça os fundos que mais renderam em 2011

18/01/2012 18h06

SÃO PAULO – Apesar de terem registrado a pior captação líquida (diferença entre saques e depósitos) da indústria de fundos em 2011 (R$ -46,7 bilhões*), a rentabilidade dos multimercados não deixou a desejar no ano passado.

De acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os fundos Multimercado Trading registraram, em 2011, a maior rentabilidade entre todos os tipos classificados pela associação (12,63%, em média). Em segundo lugar aparece outro multimercado: o Juros e Moedas, que rendeu, em média, 12,53%.

Apesar da boa rentabilidade, muitos investidores não sabem quais os tipos de fundos multimercados existentes. E você conhece as características desses fundos e sabe quais as peculiaridades de cada um? 

Pela classificação da Anbima, existem atualmente 10 tipos de fundos multimercados e cada um deles adota uma estratégia diferente. Confira quais são:

Long Short Neutro (11,04% de rentabilidade em 2011**)
Em épocas de instabilidade no mercado de renda variável, os fundos Long & Short costumam se sobressair devido à sua característica de investimento. Neste tipo de fundo, os gestores adotam a estratégia de ficar comprado (long) em um ativo e vendido (short) em outro.

O mais interessante é que, apesar de atuarem diretamente no mercado de ações, esses fundos não têm exposição direcional em bolsa. Em outras palavras, mesmo se o Ibovespa cair, os fundos podem ir muito bem.

Basicamente, os gestores escolhem algumas ações que devem performar melhor do que outras em um período e montam uma posição para captar esse ganho. No caso dos fundos Long Short Neutro, a posição comprada tem o mesmo tamanho da posição vendida.

Long Short Direcional (11,15% de rentabilidade em 2011)
Assim como nos fundos “Long Short Neutro”, os gestores dos “Long Short Direcional" escolhem algumas ações para ficarem comprados, e algumas para ficarem vendidos. A diferença é que as duas pontas não precisam ser do mesmo tamanho. Ou seja, se o gestor acredita que a bolsa vai subir, ele deixa a parte comprada um pouco maior do que a vendida. Se a bolsa realmente subir, a rentabilidade do fundo será muito boa.

Multiestratégia (9,65% de rentabilidade em 2011)
Se você gosta de aproveitar boas oportunidades em diferentes mercados, o fundo Multiestratégia pode ser uma alternativa interessante.

De acordo com a classificação da Anbima, este tipo de fundo pode adotar mais de uma estratégia de investimento, sem o compromisso declarado de se dedicar a uma em particular.

Isso quer dizer que os fundos podem investir em ações, em renda fixa ou câmbio, sem um percentual definido de alocação em cada mercado: isso depende do gestor e das oportunidades apresentadas.

Macro (12,41% de rentabilidade em 2011)
O cenário macroeconômico serve como pano de fundo e influencia o desempenho de praticamente todos os investimentos, concorda? Por isso, a proposta dos fundos Multimercado Macro é acompanhar o desempenho da economia e os seus principais impactos no mercado financeiro.

Estes fundos realizam operações em diversas classes de ativos (renda fixa, renda variável, câmbio etc.), definindo as estratégias de investimento baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazos.

Trading (12,63% de rentabilidade em 2011)
Muitos investidores se interessam por fazer transações de curto prazo, aproveitando as oscilações e a volatilidade do mercado. São os chamados “traders”. Na indústria de fundos também há espaço para este tipo de investimento, por meio dos fundos Multimercado Trading.

Estes fundos concentram as estratégias de investimento em diferentes mercados ou classes de ativos, e os gestores buscam explorar oportunidades de ganhos originados por movimentos de curto prazo.

Isso quer dizer que os responsáveis pela gestão se baseiam em trades (transações) curtos, de olho nos movimentos pontuais do mercado acionário, para conseguirem obter uma boa rentabilidade no longo prazo.

Juros e Moedas (12,53% de rentabilidade em 2011)
Para quem aposta na alta da taxa básica de juro e ainda acredita na desvalorização do real ante moedas estrangeiras, a classe “Juros e Moedas” é indicada.

De acordo com a Anbima, estes fundos buscam retorno no longo prazo por meio de investimentos em ativos de renda fixa, mas admitem estratégias que impliquem risco de juros, risco de índice de preço e risco de moeda estrangeira.

É bom lembrar que os gestores destes fundos não podem fazer operações com ativos de renda variável (ações, etc.), mas podem operar alavancados (com mais dinheiro do que o patrimônio líquido do fundo).

Multigestor (10,52% de rentabilidade em 2011)
Se um bom gestor já pode fazer a diferença em um fundo de investimento, imagine então um fundo que possua, indiretamente, vários gestores trabalhando simultaneamente?

Pois este fundo é conhecido como multigestor. Nele, o gestor não investe diretamente em ativos, mas sim em outros fundos de gestores diferentes. Assim, a principal atribuição do gestor é selecionar outros bons fundos e gestores para atingir uma rentabilidade maior.

Estratégia Específica (12,31% de rentabilidade em 2011)
Os fundos “Estratégia Específica” adotam uma estratégia de investimento bastante focada, com objetivo de trazer melhores oportunidades aos seus cotistas.

De acordo com a classificação da Anbima, estes fundos operam focados em riscos específicos, tais como commodities (matérias-primas negociadas na BM&F – Bolsa de Mercadorias e Futuros), futuro de índice, entre outros.

Balanceados (9,13% de rentabilidade em 2011)
Os fundos multimercados “Balanceados” buscam retorno no longo prazo por meio de investimento em diversas classes de ativos (renda fixa, ações, câmbio, etc.).

A grande diferença desta classe de fundos para os outros multimercados é que eles utilizam uma estratégia de investimento de “deslocamentos táticos” entre os ativos ou uma estratégia de rebalanceamento de curto prazo. Ou seja, o trabalho do gestor é sempre realocar a carteira e fazer um “balanceamento” dos ativos, para garantir mais rendimento.

Capital protegido (-0,45% de rentabilidade em 2011)
Os fundos “Capital Protegido” procuram garantir uma certa tranquilidade ao investidor que possui apetite por risco, mas que quer diminuir as chances de perdas.

Segundo a definição da Anbima, essa classe de fundo busca retorno em mercados de risco, procurando proteger, parcial ou totalmente, o principal investido.

Para fazer isso, os fundos investem em estruturas de opções, com prazo de vencimento, e os gestores já conseguem calcular (de forma aproximada) o retorno do fundo na data de vencimento.

Geralmente estes fundos duram entre um e dois anos e, durante este período, podem apresentar fortes variações. Mas como os investidores não podem aplicar nem resgatar (exceto em alguns raros casos), o que importa mesmo é o resultado no final.

Mas, como diz o ditado, não existe “almoço grátis”. O risco ao investir nesse tipo de fundo é o custo de oportunidade. Caso o resultado final não esteja de acordo com o cenário inicial, o investidor sai com o capital investido, mas sem nenhum rendimento.

 * A Anbima ressalta que R$ 28 bilhões foram referentes à mudança de categoria de um fundo para renda fixa

** Fonte: Anbima