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Selic a 9% ao ano: como ficam os seus investimentos neste cenário?

19/04/2012 12h51

SÃO PAULO – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central seguiu o consenso do mercado e decidiu, na última quarta-feira (18), reduzir a Selic (taxa básica de juro) em 0,75 ponto percentual, para 9% ao ano. O corte foi o sexto consecutivo – em agosto do ano passado, antes do início do afrouxamento monetário, a Selic estava em 12,5% ao ano.

Esta redução na taxa básica de juros também acaba influenciando os investimentos, principalmente de renda fixa, como fundos DI e alguns títulos públicos, cuja remuneração está diretamente ligada à Selic.

Para especialistas, com a queda, os investidores precisarão cada vez mais aceitar correr mais riscos para conseguirem uma rentabilidade mais interessante.

“Nas economias minimamente organizadas e civilizadas, a tendência é que as aplicações de risco baixa, como títulos do Governo, remunere a taxas reais as vezes próximas a zero”, afirma o professor do Ibmec, Eduardo Coutinho.

“O investidor tem que se acostumar com esta ideia, pois a gente não vai escapar disso ao longo do tempo”, completa o professor.

Fundos de investimento

Segundo ele, com os juros neste patamar, os investidores podem começar a olhar para aplicações mais agressivas, que investem em títulos um pouco mais arriscados, em troca de uma remuneração mais atrativa.

“Um exemplo são os fundos multimercados, que investem tanto em títulos de renda fixa quanto em renda variável”, cita Coutinho. “Os fundos de renda fixa com a carteira mais carregada com debêntures [títulos de dívidas de empresas privadas] que remunerem acima do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) também podem ser opções”, aponta o professor.

Já os fundos atrelados à inflação podem não ser mais uma alternativa tão rentável no longo prazo, na opinião do professor do Ibmec. Isto porque, apesar da redução dos juros, os preços estão mais controlados este ano e a inflação tende e ficar mais próxima do centro da meta do Governo (de 4,5% ao ano para o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

“A remuneração desses títulos tende a convergir para algo muito próximo da Selic. Com isso, estamos com a taxa real esperada de juros das aplicações inferior a 4% ao ano (9% da Selic menos 5% da inflação projetada para o ano), então, a tendência é que a taxa real das aplicações financeiras de risco similar fiquem muito próximas a isso”, afirma.

Bolsa de Valores

Nos últimos meses, a Bolsa brasileira perdeu muitos investidores, que fugiram da volatilidade provocada pelas turbulências internacionais em busca da segurança e boa rentabilidade da renda fixa.

Mas, para o gestor e sócio da Inva Capital, Luiz Augusto Pacheco, sair completamente da bolsa em épocas de turbulência é um erro. “Você nunca deve sair totalmente e sim reduzir ou aumentar a exposição”, afirma.

Segundo ele, alguns setores podem ser beneficiados com a queda dos juros, como o de infraestrutura, por exemplo.

“Esse setor deve crescer muito no Brasil nos próximos anos e vai conseguir captar a juros mais baixos, então, isso pode tornar mais atrativos os investimentos no setor”, afirma.

Entretanto, os riscos do mercado acionário ainda continuam altos, por isso, o investidor que está muito exposto à bolsa deve reduzir um pouco e aquele que está com baixa exposição deve manter. “As incertezas continuam grandes”, afirma.

De acordo com Pacheco, para aqueles que não querem sofrer tanto com a oscilação do mercado acionário, uma boa opção pode ser investir em empresas do setor de utilities (utilidade pública), principalmente de energia elétrica.

“Se o investidor não suporta tanta volatilidade, esta pode ser uma alternativa”, diz. Isso porque as ações dessas empresas costumam oscilar menos e ainda pagam bons dividendos (distribuição dos lucros entre os acionistas minoritários).