Eike deve diminuir participação nas empresas do EBX: isso é bom ou ruim?
Em meio aos problemas enfrentados pelas empresas do grupo EBX, principalmente com a OGX Petróleo (OGXP3), que divulgou uma produção muito menor do que a esperada em fevereiro e fez com que se especulassem que a empresa seria vendida para a Petronas, da Malásia - rumores estes que não se confirmaram.
Por outro lado, o megaempresário Eike Batista concluiu a operação de venda de uma fatia de sua participação da MPX Energia (MPXE3) para a alemã E.ON em 15 de março. Desta forma, Eike ficará com menos da metade da sua atual participação na MPX, atualmente em 53,9%, ao final do processo de venda. O negócio será feito em etapas simultâneas, levando a participação da companhia alemã para 38,65%.
Em entrevista publicada no último domingo pelo jornal "O Estado de São Paulo", o presidente do BTG, André Esteves, afirmou que a normal que a participação de Eike Batista nas empresas caia de 60% para 30%, mas ressaltou que o megaempresário não deve perder o controle da empresa e se manteve confiante frente ao futuro para as companhias de Eike.
Neste cenário, a sinalização para o mercado é de que o megaempresário estaria se desfazendo da participação de suas companhia, em um momento bastante desafiador para o seu grupo. Isso seria bom ou ruim para os investidores?
Os aspectos positivos
"Sem o grande peso de Eike Batista, a expectativa é de que haja maior transparência e maior governança corporativa", ressalta o analista da Amaril Franklin, Eduardo Machado. Ele aponta que há um grande personalismo envolvido nas empresas de Eike e que acabam afetando intensamente o sentimento do mercado quando há notícias tanto negativas quanto positivas para as companhias do grupo.
Já o analista-chefe do BB Investimentos, Nataniel Cezimbra, ressalta ser natural que Eike Batista busque reduzir a sua participação na companhia. "Se fosse simplesmente uma venda de ativos, o vetor seria negativo. Entretanto, dependendo de com quem será a parceria e nos moldes em que ela ocorrer, esta diluição é positiva", afirma.
Neste sentido, avalia Cezimbra, a parceria com o BTG Pactual é bastante interessante, pois permitirá que o banco atue em duas frentes: a adequação do plano de negócios e também ajudar a holding a angariar mais parceiros. O fechamento do acordo com a MPX Energia com a alemã E.ON é um dos exemplos de uma parceria que pode ser bem sucedida no futuro, afirma.
Cezimbra destaca que o grupo precisa de investimento pesado para expandir os seus projetos, o que leva a uma situação bastante drástica para a geração de caixa operacional para a companhia. Através dos parceiros, ressalta, as companhias do grupo criarão atalhos para o investimento. Entretanto, afirma, os resultados de possíveis vendas de participação não vão aparecer no curto prazo no preço dos papéis, uma vez que os projetos demorarão a ser concluídos.
E os negativos
Conforme destaca o analista da Amaril Franklin, a perspectiva de que Eike Batista irá se desfazer de uma fatia da empresa não foi bem recebida pelo mercado. "Isso gera a desconfiança de parte dos investidores de que, se o fundador não tem confiança no próprio projeto, não há porque o mercado ter", avalia.
Ele ressalta ainda que o momento difícil em que esta declaração foi feita, em um cenário em que o grupo EBX já registra perdas de mais de R$ 50 bilhões de seu valor de mercado nos últimos doze meses, leva a minar ainda mais a confiança dos investidores em relação aos resultados do grupo.
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