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FT rebate Mantega e "aprova" cada um dos pontos para S&P ter rebaixado Brasil

26/03/2014 14h02Atualizada em 09/04/2014 18h48

SÃO PAULO -  Após sugerir a demissão de Guido Mantega, o jornal britânico "Financial Times" deu destaque novamente para o ministro da Fazenda brasileiro em seu blog "Beyond Brics", contestando a sua defesa após o rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor's, na segunda-feira (24).

Depois do rebaixamento, o Ministério da Fazenda divulgou uma nota rebatendo os seis pontos que fizeram a S&P cortar a nota da dívida brasileira de BBB para BBB-: a política fiscal, a contabilidade criativa, o crescimento baixo, o ambiente de maior vulnerabilidade externa e o abuso dos bancos estatais.

Contudo, o "Financial Times" rebateu os pontos contestados por Mantega. 

1) Crescimento baixo

Em primeiro lugar, o ministro disse que o "suposto" crescimento baixo seria uma das razões para o seu rebaixamento e que, desde 2008, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro já subiu 17,8%. Porém, o "FT" afirma que ninguém contesta que o PIB brasileiro cresceu 7,5% em 2010, mas a grande questão é o crescimento futuro.

Para 2014, a expectativa é que o Brasil cresça apenas 1,7%, muito abaixo do potencial brasileiro e de suas necessidades, afirma o blog.

2) Situação fiscal

Em segundo lugar, o ministério disse que a S&P estava errada ao avaliar a situação fiscal, levando em consideração que o Brasil gerou um dos maiores superavits (economia para pagar os juros da dívida) do mundo nos últimos 15 anos. 

Porém, segundo o jornal, o país não vem conseguindo cumprir as suas metas de superavit e chegou a recorrer a métodos duvidosos, como contabilidade criativa, para atingi-las.

3 e 4) Vulnerabilidade externa

No terceiro ponto, aponta o "FT", o ministério tem um embasamento maior, uma vez que o Brasil continua a atrair um grande volume de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), com US$ 65,8 bilhões entrando no país em 12 meses até fevereiro.

Contudo, o Brasil volta a entrar em apuros no quarto ponto: o ministério diz que as fontes externas do país não são uma fonte de vulnerabilidade, já que o Brasil possui reservas cambiais que são de dez vezes a sua dívida de curto prazo.

O blog do "Financial Times" contesta essa afirmação citando dois pontos: que o Brasil não está tão bem quanto pensa, e que há um forte endividamento das companhias privadas em moeda estrangeira. 

5) Pouco investimento

O ministério também contestou que a S&P está errada ao reclamar da baixa taxa de investimento do Brasil, pois o país embarcou em um ambicioso programa de investimentos de US$ 400 milhões.

"Bem, o Brasil embarca com frequência em programas de investimento no valor de centenas de milhões de dólares, mas que não se materializam. O fato é que sua taxa de investimento está presa em 18% do PIB; não é o suficiente", afirmou o blog do jornal.