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Barbosa não pode fazer um "Matrix Reloaded" da política de Mantega, diz banco

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

21/12/2015 17h14

SÃO PAULO - O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega ficou famoso com o desenvolvimento da chamada "Nova Matriz Econômica".

A medida flexibilizava o tripé macroeconômico dos anos 1990, baseado em superávit primário (economia para pagar os juros da dívida), metas de inflação e câmbio flutuante.

A flexibilização visava combater a crise econômica global de 2008 por meio de políticas anticíclicas, como desonerações e intervenções pontuais em alguns setores.

O atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, é visto como alguém que fez parte da elaboração desta nova matriz, vista por muitos como o motivo para o desajuste das contas públicas. 

Partindo desta premissa, um relatório do banco Goldman Sachs diz que a entrada de Barbosa na Fazenda não pode ser um "Matrix Reloaded", uma referência ao filme dos irmãos Watchowski.

Na prática, significa que o novo ministro não deve retornar às práticas da matriz de Mantega.

Esta meia volta em direção à política econômica do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff sigfinicaria, para o banco de investimentos, que Barbosa e Dilma têm muitas chances de trilhar um caminho de ajuste fiscal mais lento. 

"Nós vemos isso como uma estratégia arriscada, dado que, em nossa visão, a consolidação fiscal continua sendo a frente e o centro da agenda de rebalanceamento macroeconômico e o pilar por excelência do processo de restauração da confiança e de estabilização da economia", diz o analista Alberto Ramos. 

'Ajuste fiscal significativo'

O Goldman lembra que o ministro da Fazenda mudou, mas a agenda fiscal é a mesma e o ajuste é cada vez mais urgente.

"Assim, nós vemos como crucial que nos próximos dias o ministro Barbosa e a presidente Dilma assegurem, mais do que retoricamente, que o governo continua com o compromisso de entregar um ajuste fiscal significativo, que deve ser preferencialmente focado no anúncio e na aprovação de profundas reformas estruturais que pudessem diminuir a preocupação do mercado com a evolução da trajetória da dívida pública", explica. 

O medo do banco, então, é que a troca de ministro sirva para aproximar o governo dos movimentos políticos de sua base que lutam por uma mudança na política econômica, o que poderia levar ao populismo fiscal, na pior das hipóteses.

Ou seja, para ganhar um mínimo de confiança do mercado, Nelson Barbosa precisará mostrar com ações efetivas que não irá trazer de volta a tão criticada matriz de Mantega. Um "Matrix Reloaded" é tudo o que os investidores não querem agora.