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Uma das melhores gestoras do ano tem fundo que rende até 64% em 2016; conheça

26/08/2016 09h14

SÃO PAULO - Em um mercado cheio de volatilidade e incertezas políticas e econômicas, uma equipe de gestores e analistas tem se destacado com retornos bem acima da média do mercado. Com a mentalidade de asset independente, mas com toda estrutura e benefícios da XP Investimentos, uma das maiores instituições financeiras do Brasil, a XP Gestão de Recursos vem mostrando resultados bem acima dos seus pares. Para se ter ideia, o fundo XP Long Biased, que pode operar tanto comprado quanto vendido, já rendeu mais de 64% em 2016, quase o dobro do Ibovespa, que trouxe um retorno de 33% no período. Na comparação com o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) o número é ainda mais impressionante: o fundo já rendeu 716% do benchmark.

Marcos Peixoto, CEO da XP Gestão, afirma que o segredo é atrair talentos e focar os esforços nos fundos que podem ser geridos com mais excelência. Seguindo esta estratégia, desde o final do ano passado, quando ele assumiu a área, a gestora decidiu encerrar alguns fundos que tinham uma gestão mais complexa e demandavam muito empenho da equipe. “Tínhamos um fundo que investia em bonds e optamos por encerrá-lo. Também finalizamos os fundos que investiam em ações internacionais. Além destes, fundos setoriais de renda variável também estão sendo encerrados - alguns já foram, outros estão em processo”, revela.

Com as mudanças, o número de fundos de renda variável da XP gestão diminuiu pela metade, passando de oito para quatro. “Conseguimos reduzir a equipe sem perder a essência e qualidade. Agora temos menos produtos, mas muito mais foco”, diz o gestor. Até o final do ano passado a XP Gestão contava com cerca de 40 funcionários. Hoje são 23 pessoas. “Fizemos uma simplificação. Tudo que não fazia parte do dia a dia da gestão nós cortamos. Algumas áreas, como o comercial, têm uma sinergia com a XP Investimentos, então aproveitamos isso”, diz o CEO.

Ao mesmo tempo eles decidiram trazer nomes importantes para compor o time de gestores e analistas. Uma das principais contratações foi a de João Luiz Braga, que veio da Credit Suisse Hedging-Griffo no ano passado e hoje é co-gestor dos fundos de ações, junto com Peixoto. Outra aposta da XP foi no fundo Multimercado Macro. Para a equipe de gestão do fundo foram contratados Julio Fernandes, que estava há seis anos na GAP, Bruno Marques, ex-ARX e Isabela Guarino, que teve passagens pela GAP, SPX e Kyros. “Gestão de recursos é um business de pessoas. Precisamos atrair profissionais bons e retê-los”, afirma Peixoto.

Para isso, a XP Gestão oferece uma remuneração baseada em um dos principais pilares institucionais da XP Investimentos, sua controladora: a meritocracia. A remuneração dos colaboradores é muito parecida com a de uma asset independente. Cada célula (renda fixa, renda variável, multimercado, etc) tem seu próprio DRE (Demonstração do Resultado do Exercício). “Desta forma, cada time fica focado no seu resultado. Todo mundo que entra na gestão ganha um percentual do lucro do núcleo que trabalha. Enquanto em uma asset independente você é sócio apenas da própria gestora, aqui você também tem a oportunidade de participar da sociedade da holding XP Investimentos. Assim conseguimos atrair nomes importantes do mercado financeiro”, afirma Peixoto.

Fundos de renda variável

Com a reestruturação da gestora, o foco passou a ser em 4 núcleos: renda variável, renda fixa (crédito), multimercado e quantitativo. Na parte de ações, enquanto boa parte dos fundos do mercado está perdendo do Ibovespa este ano, os fundos da XP seguem bem acima do benchmark. “Em anos que o Ibovespa sobe muito geralmente é difícil ganhar do índice. Este ano, por exemplo, as estatais tiveram boa valorização, mas as gestoras que fazem “value investing” geralmente compram pouco este tipo de papel. Além disso os movimentos têm sido muito rápidos e o gestor tem pouco tempo para reagir”, afirma Peixoto.

A qualidade das empresas que entram no portfólio comprado é uma das principais preocupações da equipe de renda variável. Cinco analistas costumam avaliar cerca de 40 a 50 empresas. Após selecionarem os papéis eles apresentam os cases para os dois gestores - Peixoto e Braga. Os três discutem e se pelo menos dois deles votarem a favor a ação passa a fazer parte da carteira. “A gente tenta chegar em um consenso. Quando não chegamos e apenas dois concordam, montamos uma posição um pouco menor”, afirma o CEO da XP Gestão.

Um dos destaques da gestora, o XP Long Biased reabrirá na próxima semana para aplicações. A estratégia do fundo é focar em poucas empresas na parte long (comprada) e criar uma carteira própria para operar a parte short (vendida). As posições compradas costumam ficar na carteira por um bom tempo. “Quando a posição entra pensamos em ficar geralmente pelo menos entre seis meses e um ano”, afirma Peixoto. O fundo procura mesclar uma boa carteira de ações compradas, baseada em fundamentos das empresas e com perspectiva de longo prazo, com algumas posições vendidas aproveitando o momento. Ainda que a base long do portfólio pouco mude, os gestores são muito ativos e costumam aproveitar bem movimentos de curto prazo da Bolsa, o que garante um bom incremento na rentabilidade.

Mas a alta do Long Biased este ano não é um fato isolado. Os resultados dos fundos de renda variável da casa podem ser vistos há mais tempo. Desde 2013, o fundo XP Long & Short aparece como um dos melhores da categoria, com valorização de 143% CDI. O fundo XP Investor, que opera apenas comprado, também figura no topo dos rankings de rentabilidade nos últimos três anos e meio, com alta de 40% ante uma queda de 5% no Ibovespa. “É um trabalho que já vem sendo feito há alguns anos”, diz Peixoto.

Fundos de crédito, multimercado e quantitativo

Outro foco da gestora é a renda fixa na parte de crédito privado. Mesmo em um ano complicado, com sérios eventos de crédito como da OI e da OAS, o fundo vem atingindo um retorno acima do CDI. “O mercado de crédito este ano está muito complicado. Conseguimos sair bem dos piores eventos de crédito e não investimentos em nenhuma empresa que quebrou”, afirma Peixoto.

O fundo multimercado iniciou as atividade há menos de seis meses, mas também tem conseguido bons resultados com a nova equipe montada pela XP Gestão. Já o fundo quantitativo, que utiliza algoritmos desenvolvidos pela própria equipe para comprar e vender os papéis, rende 9,19% este ano e se destaca por nunca ter fechado nenhum dos seus sete anos de existência abaixo do CDI.

Perspectivas

Apesar da forte alta do Ibovespa este ano, as perspectivas ainda são positivas e a equipe de gestão acredita que a Bovespa tenha espaço para mais valorização. “Achamos que pouco dinheiro voltou para a bolsa. Os fundos de pensão, por exemplo, estão com menor alocação em ações da história”, comenta Peixoto. Além dos institucionais, se os investidores pessoa física e estrangeiros se animarem e começarem a comprar mais ações as perspectivas são animadoras. “Se o fluxo voltar, achamos que a Bolsa pode atingir um patamar ainda mais elevado”, acredita o gestor.

Alguns indicadores de confiança também já mostram melhora, o que pode ser um importante gatilho para a alta das ações. “A economia ainda está patinando, mas os índices que mostram a confiança dos empresários com o governo já estão melhores”, diz.

Além disso, Peixoto ressalta que as empresas brasileiras estão muito depreciadas, com lucro perto daquele apurado em 2007. “Mesmo com toda a inflação, o lucro está em patamares de 10 anos atrás, sem correção. São valores muito deprimidos”. Com isso, o gestor acredita que uma leve alta no PIB (Produto Interno Bruto) possa ter um impacto significativo no lucro das empresas. “Qualquer pequena melhora pode significar bastante”, diz. Ele cita o setor bancário como um dos que tiveram o lucro fortemente comprimidos por conta da inadimplência. “Se a inadimplência melhorar, é lucro ‘na veia’. Os lucros podem crescer entre 20% e 30% no ano que vem, mesmo sem uma retomada do crédito, só por conta da melhora da inadimplência”, conclui.