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Vivo, Oi abrem em queda com investigação de repasse para empresa de filho de Lula

10/12/2019 10h20

Na abertura dos negócios desta terça-feira na bolsa paulista, a ações da Vivo e da Oi (SA:OIBR3) operam com forte queda com a notícia de que a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da operação Lava Jato que tem como objetivo investigar repasses financeiros suspeitos de cerca de 170 milhões de reais das empresas Oi/Telemar e Vivo/Telefônica em favor do grupo Gamecorp/Gol, que tem um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como controlador, informaram a PF e o Ministério Público Federal.

Com isso, por volta das 10h15, os papéis da Oi (SA:OIBR3) caiam 5,38% a R$ 0,88, enquanto os da Vivo cediam 2,11% a R$ 55,73. Às 10h29, as ações das duas empresas diminuíram as perdas, com a Oi recuando 2,15% para R$ 0,92 e Telefonica (MC:TEF) 1,09% a R$ 56,31.

O MPF disse em nota que há evidências de que parte dos 132 milhões de reais pagos pela Oi/Telemar à Gamecorp/Gol —que tem Fábio Luis Lula da Silva como sócio— foi utilizada para a aquisição do sítio de Atibaia no interesse de Lula, que recentemente teve condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em outro caso relativo à propriedade.

As apurações indicam que tais pagamentos à Gamecorp/Gol, realizados entre 2004 e 2016, foram realizados sem justificativa econômica plausível, ao mesmo tempo em que o grupo Oi/Telemar foi beneficiado por diversos atos praticados pelo governo federal, segundo os procuradores.

Um dos exemplos é que a Oi/Telemar foi beneficiado pelo Decreto nº 6.654/2008, assinado pelo então presidente Lula, que permitiu a operação de aquisição da Brasil Telecom pelo grupo, disseram. Mensagens apreendidas no curso das investigações também denotam que o grupo Oi/Telemar foi beneficiado pela nomeação de conselheiro da Anatel, acrescentaram.

A operação também inclui mandados de busca e apreensão com o objetivo de apurar supostas irregularidades no relacionamento entre o grupo Gamecorp/Gol com a Vivo/Telefônica, especificamente no que diz respeito a um projeto que foi denominado como "Nuvem de Livros", segundo o Ministério Público Federal.

Conforme a apuração, foi apurada movimentação na ordem de 40 milhões de reais entre a MovileInternet Móvel, empresa do grupo Telefônica/Vivo, e a Editora Gol no período de 2014 a 2016, disseram.

A nova fase da Lava Jato, a 69ª da operação determinada pela Justiça Federal de Curitiba (PR), cumpre 47 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e no Distrito Federal, e envolve cerca de 200 policiais federais, com o apoio de 15 auditores fiscais da Receita Federal, disse a PF.

A PF citou que a nova fase foi deflagrada com base em evidências obtidas na 24ª etapa da operação, deflagrada em março de 2016, que levou à condução coercitiva o ex-presidente Lula.

Chamada de Operação Mapa da Mina, a nova fase tem como foco principal a apuração de crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa, tráfico de influência internacional e lavagem de dinheiro envolvendo contratos e/ou acertos suspeitos que geraram repasses milionários a grupo econômico integrado por pessoas físicas e jurídicas investigadas na 24ª fase da operação, disse a PF.

Lula está solto desde o início do mês passado após cumprir pena de prisão por 580 dias pelo processo do tríplex do Guarujá (SP), também no âmbito da Lava Jato, mas ter sido beneficiado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que barrou a detenção de condenados em segunda instância.

Procurada, a defesa do ex-presidente não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a nova investigação.

Oi (SA:OIBR3) e Vivo também não responderam de imediato a pedidos de comentário.

*Com Reuters