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Entenda a ajuda bilionária para conter a crise na Europa

Da Redação, em São Paulo

10/05/2010 16h59

O pacote de ajuda de € 750 bilhões (cerca de US$ 1 trilhão) para a zona do euro foi uma tentativa de conter a desvalorização do Euro frente ao dólar e acalmar o mercado financeiro.

 

Dos 27 países integrantes da Comunidade Européia, 17 têm o Euro como moeda comum (Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta e Portugal). Apesar da moeda única, cada país tem sua política de gastos públicos.

O envelhecimento da população e a adoção de políticas de bem-estar social pressionam as despesas dos governos. Além disso, as baixas taxas de crescimento econômico contribuem para uma diminuição da arrecadação dos países.

Segundo o tratado que instituiu a União Européia, assinado em 1992, nenhum país da zona do euro deve ter deficit fiscal (a diferença entre o que o país gasta e o que arrecada) maior do que 3% do seu Produto Interno Bruto (PIB), nem uma dívida pública superior a 70% do PIB.

No entanto, a Grécia registrou em 2009 um deficit no orçamento de 13,6% do PIB, um dos índices mais altos da Europa e quatro vezes acima do tamanho permitido pelas regras. Sua dívida está em torno de € 300 bilhões (o equivalente a US$ 400 bilhões ou R$ 700 bilhões).

Por isso em razão do alto endividamento grego, criou-se a expectativa de que o país não teria condições de saldar seus débitos no mercado financeiro. Com esse quadro, os investidores exigem juros mais altos para refinanciar os débitos do governo grego.

No entanto, o quadro negativo não se restringe à Grécia. Ao final de 2009, o deficit médio dos países europeus chegou a 6,8% e a dívida pública média alcançou 76,3% do PIB. Os piores desempenhos nas contas públicas foram da Irlanda, com déficit de 14,3% do PIB, Reino Unido, com 11,5%, Espanha, com 11,2%, e Portugal, com 9,4%.

Assim, há o temor que a crise iniciada na Grécia possa contaminar outros países, dadas as dificuldades para o refinanciamento da dívida pública dos membros da zona do euro. Também há a expectativa de perdas dos bancos que emprestaram dinheiro a esses países, o que pode gerar uma nova escassez de crédito, após a crise de 2008.

Na sexta-feira passada, a cúpula extraordinária de líderes de países da zona do euro oficializou o plano de ajuda financeira à Grécia, que totaliza € 110 bilhões em empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos Estados que utilizam a moeda comum.

No entanto, para ter acesso ao pacote, o Parlamento grego precisou aprovar um severo plano para reduzir o deficit fiscal e regular contas do país. As medidas incluem duras reduções salariais e de aposentadorias, veto a contratações de funcionários públicos nos próximos anos e aumento de impostos.

Mesmo com o anúncio do pacote de ajuda à Grécia, o mercado financeiro não se acalmou. Na semana passada, o Ibovespa recuou 6,9%, na maior queda desde fevereiro de 2009, quando havia caído 7,1%. Na semana passada, o Dow Jones (Bolsa de Nova York) acumulou baixa de 5,71%, enquanto o Nasdaq (Bolsa eletrônica dos EUA) perdeu 7,92% e o S&P 500 (outro índice de NY) recuou 6,4%.