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Juros subiram menos porque risco de inflação caiu, diz BC

Da Redação, em São Paulo

29/07/2010 09h08

O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira a ata de sua última reunião, na semana passada, quando aumentou a taxa Selic (os juros básicos da economia) para 10,75% ao ano.

Segundo o documento, o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC, considerou que não há mais tantos riscos de inflação elevada, o que justificou a decisão de abrandar o ritmo do aumento de juros. O mercado esperava uma alta de 0,75 ponto percentual, mas o BC acabou aumentando 0,5 ponto.

"Note-se ainda que há sinais de que a economia tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo", apontou na ata da reunião em que a a taxa básica de juros (a Selic) foi elevada em 0,5 ponto percentual. A Selic passou de 10,25% para 10,75% ao ano.

Foi a maior taxa desde março do ano passado, quando estava em 11,25%, e a terceira alta seguida. A decisão foi unânime entre os integrantes do Copom.

Segundo a ata, ainda que decrescentes, os riscos ao cenário inflacionário estão restritos ao âmbito interno, com expansão da demanda doméstica. "É plausível afirmar, entretanto, que os fatores de sustentação desses riscos mostram desaceleração na margem", acrescentou.

Por outro lado, segundo a ata, a influência do cenário internacional sobre a inflação doméstica "passou a revelar um viés desinflacionário".

A próxima reunião do Copom será realizada nos dias 31 de agosto e 1º de setembro.

Impacto para as pessoas

A Selic é a taxa básica de juros. Ela baliza os juros cobrados quando se parcela uma compra ou se pede dinheiro emprestado no banco.

Se os juros básicos aumentam, as lojas fazem o mesmo com o crediário. Os juros que o consumidor paga chegam a ser dez vezes maiores.

Enquanto a taxa básica está entre 10% e 11% ao ano, os juros cobrados no comércio, quando se compra uma televisão a prazo, por exemplo, são quase dez vezes superiores. Nas lojas, os juros do creditário chegam a 98,5%, segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

“Nessa conta, os bancos incluem o compulsório [dinheiro que os bancos são obrigados a deixar no Banco Central], impostos, inadimplência e lucro”, diz o consultor financeiro Renato Roizenblit.

Razões para subir

Os juros são usados como política monetária pelo governo para conter a inflação. Com juros altos, as prestações ficam mais caras e as pessoas compram menos, o que restringe o aumento dos preços.

O receio do governo é que haja muitas compras, e as indústrias não consigam produzir o suficiente. Quando isso acontece, há falta de produtos no mercado, e os que existem ficam mais caros.

SAIBA COMO OS JUROS AFETAM SEU BOLSO

Um aspecto positivo dos juros altos é que eles remuneram melhor as aplicações. Isso é bom para os investidores brasileiros e também para os estrangeiros, que procuram o país. Quando alguém investe em fundos ou títulos, recebe mais rendimentos por mês se os juros estiverem mais altos.

Por outro lado, os juros altos prejudicam as empresas, que ficam mais cuidadosas para tomar empréstimos e fazer expansões. Por causa disso, o emprego também não cresce tanto. É em razão desse efeito que os empresários reclamam contra os juros altos.

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.

O colegiado que tem direito a voto é formado por oito integrantes: o presidente do BC, Henrique Meirelles, e mais os diretores das seguintes áreas: Política Monetária, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Administração, Liquidações e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, e Assuntos Internacionais.

(Com informações de Anne Dias e Reuters)