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Mantega nega mudança de rumo e espera que país cresça 5% em 2011

Da Redação, em São Paulo

28/02/2011 13h07Atualizada em 28/02/2011 15h00

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que o governo esteja mudando os rumos de sua política econômica e que tenha virado "ortodoxo" na economia (os "ortodoxos" defendem cortes públicos para controlar inflação).

Ele disse que os cortes de mais de R$ 50 bilhões anunciados pelo governo em fevereiro são apenas um "ajuste" para deixar a economia bem. 

"Essa redução de despesas e mais as outras medidas que o governo esta tomando, como a fixação do salário mínimo em R$ 545, o aumento da taxa juros e as medidas macroprudenciais , não significam uma mudança da política econômica do governo", afirmou.

Ele previu que a economia deve ter crescido 7,5% em 2010 (o dado oficial do PIB brasileiro será divulgado na quinta-feira). O governo espera reduzir o crescimento para 5%. "Estamos conduzindo a economia para um patamar mais sustentável de crescimento, que é 5% ao ano".

A POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO NÃO MUDOU, AFIRMA MANTEGA

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, voltou a dizer que não haveria cortes no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Os recursos do PAC estão integramente preservados, assim como os programas sociais”, disse a ministra, que já havia falado sobre isso no anúncio em fevereiro.

Segundo Belchior, R$ 15,8 bilhões serão feitos em despesas obrigatórias (como pagamento de pessoal), e R$ 36,2 despesas discricionárias (não-obrigatórias).

Mantega e Belchior haviam divulgado no dia 9 de fevereiro o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União para este ano.

As medidas do governo eram esperadas pelo mercado como forma de atacar o risco que o país volte a ter uma inflação fora de controle. Mantega, porém, negou que este seja o principal objetivo da medida.

As preocupações sobre inflação ficaram ainda maiores depois de ontem, quando foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial. O indicador registrou alta de 0,83% em janeiro. Foi a maior taxa desde abril de 2005 (0,87%).

Nos últimos 12 meses, o índice está acumulado em 5,99%, acima dos 12 meses imediatamente anteriores (5,91%).

Os grupos alimentação e bebidas e transportes foram os principais responsáveis pelo resultado de janeiro, o equivalente a 67% do IPCA do mês (0,83%), sendo 0,27 ponto percentual dos alimentos e 0,29 ponto percentual dos transportes.

Ao divulgar os cortes em fevereiro, Mantega negou que fosse frear a economia a ponto de causar uma recessão (queda generalizada de consumo, empregos e salários).

"Não é o velho, tradicional ajuste fiscal que se fazia no passado, que derruba a economia, que leva pra recessão e derruba o emprego. Vamos garantir que o crescimento sustentável tenha continuidade. Para 2011, a meta de crescimento do PIB é de 5%. É um nível alto. Continuaremos perseguindo o crescimento", disse Mantega ao anunciar o corte.