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Mais de metade dos consumidores que compram perfume importado é da classe C

Aiana Freitas

Especial para o UOL Economia, em São Paulo

28/09/2011 06h00

Cerca de 55% dos consumidores do país que compram perfumes importados são da classe C, segundo o Instituto Data Popular. Entre os que têm pelo menos cinco peças de roupas importadas no armário, 62% também pertencem a essa camada da população.

Os números mostram que esses consumidores já são maioria no consumo de produtos do chamado segmento premium, de artigos de alto padrão -que até poucos anos faziam parte apenas da lista de desejos dessa camada da população.

“Milhões de brasileiros passaram, nos últimos anos, a consumir produtos que vão além de suas necessidades básicas, e as empresas estão de olho nesse público”, diz Elaine Brito, professora de marketing e comportamento do consumidor do Provar-FIA (Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração).

“Elas se valem do fato de o consumo da classe C ser aspiracional: esse consumidor tem como referência as classes mais abastadas e a partir daí direciona sua compra”, afirma.

'Consumidor da classe C não quer comprar na loja dos ricos'

Para que empresas do segmento premium consigam atingir esse público, no entanto, elas precisam adotar uma linguagem simples e didática na comunicação com o consumidor.

“O consumidor da classe C não quer comprar na loja dos ricos. Ele quer comprar um produto de qualidade, por um preço que ele pode pagar, em uma loja que fale a língua dele”, diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular.

Não são todas as empresas, no entanto, que conseguem atuar para públicos diferentes sem problemas. Um dos riscos é o próprio negócio ser prejudicado. “Criar produtos diferentes para a classe média exige grandes investimentos operacionais, o que pode ser um problema para a empresa no futuro”, diz Elaine, do Provar.

Outro risco é que a imagem de glamour que envolve a marca acabe se perdendo.

A italiana Ferrari, que atua no segmento de automóveis de alto luxo, é apontada por especialistas como uma das empresas que conseguiram atuar para diferentes segmentos sem perder esse glamour.

Cerca de 60% do faturamento da empresa vem de produtos que nada têm a ver com os carros: são bonés, bolsas, canecas e outros acessórios vendidos nas lojas para as pessoas que se contentam em levar para casa apenas algo que contenha o logotipo da marca.