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Fazer lanche a bordo de aviões pode custar mais de R$ 20

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

06/07/2012 06h00

O serviço de bordo passou por mudanças significativas desde que a aviação comercial começou a se popularizar, não só no Brasil, mas no mundo todo.

A criação das empresas aéreas do modelo "low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) e a implantação de medidas mais rígidas de segurança, especialmente depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, resultaram em um novo estilo de voar.

No Brasil, poucos são os voos domésticos que contam com refeições quentes atualmente. Em rotas mais curtas, como a ponte-aérea Rio-São Paulo, o comum é que sejam servidos somente salgadinhos ou amendoins, além de refrigerante, suco ou água.

Café solúvel sai por R$ 4 na Webjet

Desde que começou a operar, a Webjet (comprada pela Gol no ano passado) cobra pelas refeições servidas a bordo. Um copo de café solúvel sai a R$ 4 e um combo com bebida, sanduíche e chocolate é vendido por R$ 22. A empresa justifica a cobrança dizendo que é uma forma de baratear as passagens.

Até o fim deste mês, cerca de 400 voos da Gol, em diferentes rotas, também terão refeições cobradas a bordo. Do cardápio da empresa constam, por exemplo, um sanduíche "especial" (com pão do tipo ciabatta, queijo cremoso, salame e queijo prato) que custa R$ 12. A companhia também oferece bebidas alcoólicas: um copo de uísque sai a R$ 20.

Nos demais voos, salgadinhos, água, refrigerante e suco são servidos gratuitamente.

TAM, Azul a Avianca não cobram pelos serviços de bordo. Na Azul, o passageiro pode escolher entre cinco tipos de salgadinho e quatro bebidas não-alcoólicas. Na Avianca, frutas e pães são servidos nos voos domésticos.

A chef Bel Coelho é responsável pelo menu dos voos internacionais da TAM. As refeições têm entrada, prato principal e sobremesa. Nos voos domésticos, atualmente é realizado o "Festival da Pizza". Chá, café, refrigerante, água e cerveja estão entre as opções de bebidas.

'Consumidor não quer mais pagar pelo serviço de antigamente'

Ainda que o cardápio das empresas seja bem diferente daqueles que se viu no passado, quem participou dos tempos áureos da aviação brasileira não se deixa levar pelo saudosismo.

"Aquela era uma época muito diferente, não dá para comparar com a aviação de hoje", diz Claudia Vasconcelos, ex-comissária da Varig e autora do livro "Estrela brasileira", sobre a história da companhia.

O ex-chefe dela, Sérgio Prates, que por 20 anos liderou o serviço de bordo da companhia, concorda. "Na época, a Varig não investia, por exemplo, em marketing. O ex-presidente da empresa Rubem Berta achava que a melhor propaganda era o boca a boca. Hoje, o custo de manter um serviço como aquele seria muito alto", afirma.

Para Prates, os próprios consumidores atualmente não receberiam os serviços da mesma forma. "O Brasil é outro, o transporte aéreo virou um transporte de massa. Aquele serviço hoje seria até inadequado."

Gianfranco Beting, diretor de Comunicação e Marca da Azul, também acha que, hoje, o consumidor não tem mais disposição para pagar pelo serviço de antigamente.

Ainda assim, ele diz que tenta, de alguma forma, resgatar parte dessa história na empresa em que atua. "As comissárias usam uniformes com ar ‘retrô’ porque eles evocam uma época mais glamurosa do serviço de bordo", diz.