Seguro de vida para nova classe média custa R$ 3,50 por mês
As seguradoras têm investido em produtos populares para atrair a nova classe média brasileira. As principais características desses produtos, além do preço mais em conta, são a oferta de poucas coberturas adicionais e o foco na proteção financeira do consumidor.
Uma das principais preocupações dos consumidores da classe C é não conseguir pagar suas contas, diz o diretor-executivo do Grupo Bradesco Seguros, Eugênio Velasques. A preocupação com segurança e com a saúde aparece depois, mostram pesquisas feitas pela empresa.
Diante dessa constatação, a Bradesco oferece produtos como um seguro de assistência-funeral que custa R$ 5,98 por mês –em caso de morte do segurado ou de um familiar, as despesas com o enterro são pagas.
Outro produto oferecido pela empresa com foco na classe C é um seguro de vida que cobre morte acidental e custa R$ 3,50 por mês. O seguro dá direito a uma indenização de R$ 20 mil.
O produto inicialmente se chamaria Primeiro Seguro, mas teve o nome alterado para Primeira Proteção antes do lançamento, em 2010.
"Percebemos que o consumidor de baixa renda não tinha afinidade com a palavra ‘seguro’, achava que isso não era para ele. Então preferimos usar a palavra proteção", diz Velasques.
Empresas mudam linguagem para atrair consumidor
A mudança na linguagem, para tornar os produtos mais acessíveis aos consumidores de renda mais baixa, tem sido adotada também por outras empresas. "Prêmio", por exemplo, virou "preço do seguro" nos produtos da Zurich.
O vice-presidente da área de seguros de bens da empresa, Sérgio Wilson Ramos Júnior, diz que o prazo de parcelamento do seguro do carro foi ampliado para atrair esse público. É possível fazer o pagamento em até cinco parcelas sem juros.
"Não adianta só o seguro ter um preço acessível. O importante é oferecer para esse cliente um produto que, na hora da aflição, não só o bem esteja protegido, mas ele também", afirma Ramos Júnior.
Ele cita como exemplo o seguro-desemprego que foi acoplado ao seguro do carro, que tem por objetivo garantir o pagamento das parcelas caso o consumidor enfrente dificuldades.
Cliente de nova classe média tem menos 'mimos'
A Azul, pertencente ao grupo Porto Seguro, também tem como foco a classe C. "Os produtos são cerca de 30% mais baratos do que os tradicionais", afirma o diretor-geral da Porto Seguro, Luiz Pomarole.
Preços mais atraentes, nesse caso, resultam também em menos "mimos" para os clientes. Enquanto os produtos da Porto Seguro oferecem uma série de benefícios adicionais, que vão de consultas veterinárias para o animal de estimação a cursos de direção segura, os da Azul são mais básicos. O seguro do veículo tem apenas um benefício adicional: serviços de assistência 24 horas.
Praticamente todas as empresas, porém, oferecem produtos que dão ao cliente a possibilidade de participar de sorteios. Os prêmios são valores em dinheiro.
"A premiação é muito importante para esse consumidor, porque é uma forma de ele antecipar a realização de sonhos. Procuramos sempre acoplar sorteios aos produtos", diz o diretor-geral do Grupo BB Mapfre, Bento Zanzini. Atualmente, os seguros populares já correspondem a 14% da carteira de seguros pessoais do grupo.
Mais de 40% dos seguros de carros pertencem à classe C
Para Pomarole, da Porto Seguro, a tendência é que os consumidores da nova classe média passem cada vez mais a contratar seguros no Brasil. "Eles já compraram seus carros e agora começam a se preocupar com a proteção do veículo", diz.
Uma pesquisa feita pela corretora Seguralta confirma essa impressão. Segundo o estudo, em 2008, a participação da classe C no mercado de seguros de carros era de 29,1%. Hoje, é de 41,3%.
Os executivos do setor apostam também no aumento do número de clientes diante da regulamentação dos microsseguros, que terão contratos mais simples e poderão ser vendidos pela internet e pelo celular, entre outros meios. Eles devem chegar ao mercado ainda neste ano.
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