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BC dos EUA dá poucas indicações de mais estímulo à economia

Do UOL, em São Paulo

17/07/2012 11h21Atualizada em 17/07/2012 15h32

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Ben Bernanke, deu poucas indicações novas nesta terça-feira se a autoridade monetária está avançando na direção de uma nova rodada de estímulo monetário, repetindo a promessa de agir se necessário.

Ele afirmou ao Comitê Bancário do Senado que a recuperação do país estava sendo reprimida por uma ansiedade sobre a crise da dívida da Europa e o caminho da política fiscal dos Estados Unidos. Mas ele manteve-se apegado à mensagem de espera cautelosa que o painel de política do banco central apresentou em junho.

"Refletindo preocupações sobre o ritmo lento do avanço na redução do desemprego e os riscos para o crescimento econômico, o comitê deixou claro em sua reunião de junho que está preparado para adotar mais ações", disse Bernanke em declarações preparadas sobre o relatório de política semestral do Fed.

Alguns investidores esperavam que Bernanke sinalizasse que o banco central estava avançando para uma terceira rodada de compras de títulos --ou "quantitative easing", QE3 no vocabulário do mercado-- para dar suporte à economia.

"O mercado estava preparado para algum sinal de iminente ação de política do Fed e eles certamente não fizeram isso", afirmou o chefe de análise de mercado do Commonwealth Foreign Exchange, em Washington, Omer Esiner. 

O posicionamento do presidente do Fed sobre a situação da economia norte-americana era muito aguardo por investidores de todo o mundo. Dados fracos de vendas no varejo nos Estados Unidos e uma previsão de crescimento mundial mais baixa do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgados ontem, aumentaram esperanças dos investidores de que o Fed adotaria mais medidas de estímulo monetário.

 

Empregos

A próxima reunião política do Fed durará dois dias e acabará em 1º de agosto. O Fed tem mantido os custos de empréstimos "overnight" perto de zero desde dezembro de 2008 e comprou US$ 2,3 trilhões em dívidas do governo e relacionadas a hipotecas, em um esforço para reduzir as taxas de juros de longo prazo.

Em meio a problemas de recuperação, o Fed prometeu manter as taxas de juros em níveis bastante baixos até pelo menos 2014, e ampliou o vencimento médio de títulos em seu portfólio em mais um esforço para baixar os custos de empréstimos de longo prazo.

Apesar do suporte do Fed, a economia está crescendo lentamente demais para baixar o desemprego. O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA expandiu apenas 1,9% no primeiro trimestre na comparação anual, e economistas acreditam que a performance no segundo trimestre foi ainda mais fraca.

Com o crescimento desacelerando em todo o mundo, muitos outros bancos centrais também afrouxaram suas políticas recentemente, incluindo o Banco Central Europeu (BCE) e os BCs de Reino Unido e China.

Bernanke afirmou que as autoridades do Fed avaliariam uma série de ferramentas para estimular o crescimento se ficar claro que o mercado de trabalho não está melhorando ou se houver risco de uma deflação.

Ele citou a possibilidade de compras adicionais de títulos --dívidas do Tesouro ou títulos ligados a hipotecas-- empréstimos através da janela de empréstimo emergencial do Fed e redução da taxa que paga aos bancos sobre as reservas mantidas no BC. O Fed também pode usar ferramentas de comunicação, com a extensão de sua garantia de manter as taxas excepcionalmente baixas, completou Bernanke. 

Bernanke afirmou aos parlamentares que a recente deterioração no mercado de trabalho sugere que a taxa de desemprego de 8,2% do país irá se reduzir gradualmente demais, admitindo pela primeira vez que isso não pode ser explicado apenas através de fatores sazonais.

Durante o segundo trimestre, a criação de empregos foi de em média 75 mil postos por mês, ante média de 226 mil no primeiro trimestre.

Problemas em casa e no exterior

Bernanke ainda disse ao comitê que a manipulação da taxa de juros global referencial Libor por bancos e operadores afetou a confiança pública em mercados financeiros.

Ele disse que o processo de calcular a Libor --no qual os bancos apresentam estimativas de seus custos de empréstimos-- é "estruturalmente falho", mas que o Fed tem autoridade limitada para forçar mudanças uma vez que a taxa é supervisionada pela Associação Britânica de Banqueiros.

Bernanke repetiu seu alerta às autoridades sobre a importância de desenvolver um plano crível de longo prazo para reduzir o nível da dívida do governo dos EUA enquanto evita fortes cortes de gastos e altas de impostos no curto prazo. Ele destacou as preocupações com um "abismo fiscal" que vai provavelmente deixar a economia em recessão a menos que o Congresso aja.

Além de incertezas relacionadas à política fiscal, a economia está sendo restringida pelo aperto das condições de empréstimos para algumas empresas e consumidores, completou Bernanke.

Ele ainda disse que o Fed permanece em contato com as autoridades europeias, e está concentrado em garantir que o sistema financeiro dos EUA permaneça resiliente a choques financeiros.

"Os mercados financeiros e a economia da Europa permanecem sob significativo estresse, com efeitos de contágio sobre condições financeiras e econômicas no resto do mundo, incluindo os Estados Unidos", disse ele. 

(Com informações da Reuters)