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Investimento da Petrobras é 'significativo', mas mercado desconfia, diz especialista

Juliana Kirihata

Do UOL, em São Paulo

13/08/2012 14h47Atualizada em 13/08/2012 20h10

Os US$ 45 bilhões em investimentos para este ano anunciados pela Petrobras nesta segunda-feira (13) são significativos, mas só se os recursos forem realmente aplicados. A análise é do diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, Adriano Pires.

"O setor de petróleo tem um poder grande de investir. Isso [investimentos] ajudaria muito, mas o mercado não está acreditando na Petrobras, porque muito do que ela prometeu nos últimos anos não foi cumprido", disse Pires.

Mais cedo, a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, disse que o setor de petróleo e gás do Brasil investirá US$ 45 bilhões neste ano e que a Petrobras será responsável pela maior parte desses recursos. A declaração foi feita em evento na sede da estatal, no Rio de Janeiro (RJ).

O mercado financeiro não se empolgou com a notícia do investimento de US$ 45 bilhões neste ano. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4), que recebem dividendos, fecharam em queda de 0,19%, a R$ 21,03. As ações ordinárias (PETR3), que dão direito a voto, caíram 0,27%, a R$ 21,95.

Previsão de investimentos subiu 5,25%

Pelo seu Plano de Negócios aprovado em meados do ano, a Petrobras previu investir US$ 236,5 bilhões entre 2012 e 2016, uma média de US$ 47,3 bilhões por ano. Com isso, a estatal aumentou em 5,25% os investimentos em relação ao plano anterior (2011 a 2015), de US$ 224,7 bilhões.

Segundo Pires, o aumento de 5,25% do plano de negócios para o período, apesar de significativo, pode não se realizar devido à defasagem de preços da gasolina e do diesel. Como a estatal compra combustível com preço mais alto do que o de revenda, a defasagem de preços é um dos fatores responsáveis pelo prejuízo de R$ 1,3 bilhão da companhia no segundo trimestre deste ano. 

O diretor afirma ainda que, para a empresa reverter o prejuízo, o governo precisa ter outra "postura" em relação à Petrobras. "Ele deve ter práticas empresariais, rever a política local e fiscalizar se a operação está eficiente."

Mistura do etanol na gasolina

Segundo a Petrobras, haverá oferta de etanol no mercado brasileiro em 2013 para que o Brasil aumente a mistura na gasolina. Para Pires, o aumento do etanol na mistura seria positivo para a estatal, já que o país poderia deixar de importar gasolina. Porém, haveria a possibilidade do Brasil ter de importar mais etanol. “O governo está receoso de trocar o produto importado e acabar pagando mais pelo etanol”, afirma.

"Em função de uma política de combustíveis, o Brasil está numa armadilha. O governo fez uma política que abandonou o etanol. O consumo cresceu, a oferta caiu, e agora está  faltando. Provavelmente, nos próximos 4 ou 5 anos, o país vai ser importador."

Na semana passada, o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Allan Kardec também havia afirmado que o aumento da mistura pode ser possível no ano que vem, mas o assunto ainda está sendo estudado e não há definição, segundo ele.

Desde outubro do ano passado, o Brasil mistura 20% de etanol na gasolina. Antes disso, o percentual era de 25%. A mistura foi decidida em 2011 devido à quebra da safra de cana-de-açúcar por problemas climáticos no centro-sul e por conta de investimentos insuficientes nos canaviais.

(Com informações da Reuters)