Móveis e eletrodomésticos são maior causa de dívidas, diz pesquisa
A compra de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, como geladeira, fogão e máquina de lavar, é a principal causa de endividamento dos consumidores paulistanos. É o que mostra uma pesquisa feita pela Boa Vista Serviços, empresa que administra o SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).
Esses produtos estão entre os que tiveram o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido pelo governo para combater a crise econômica.
A pesquisa foi feita em setembro com 1.100 consumidores da capital paulista que tiveram o nome incluído no cadastro de proteção ao crédito. Segundo o estudo, 21% dos entrevistados disseram ter se endividado após comprar esse tipo de produto.
De acordo com os dados da Boa Vista, um ano antes, em setembro de 2011, a compra de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos era apenas a terceira causa de endividamento (era o motivo apontado por 14% dos entrevistados).
Naquela época, a maior fonte de dívidas era o gasto com alimentação. Hoje, comida aparece em segundo lugar, junto com vestuário e calçados.
IPI reduzido levou consumidores às compras
Os produtos que mais geraram dívidas estão na lista dos que foram contemplados com reduções de imposto nos últimos meses. As reduções de IPI têm sido feitas pelo governo desde o fim do ano passado para estimular o consumo.
Em dezembro de 2011, o governo reduziu o IPI incidente sobre eletrodomésticos da chamada linha branca (geladeira, fogão, máquina de lavar roupa e tanquinho). Em março deste ano, o IPI dos móveis também foi cortado; em maio, o setor automotivo foi beneficiado.
O governo promoveu diversas prorrogações dessas medidas, que agora valem, em todos os casos, até 31 de dezembro deste ano.
"Esses incentivos aumentaram o consumo e podem ter resultado no crescimento do número de pessoas que não conseguiram pagar", diz o economista da Boa Vista, Flávio Califre. Ele diz, porém, que essa relação só poderá ser confirmada se a tendência for registrada nas próximas pesquisas.
Para o especialista em finanças pessoais Mauro Calil, as reduções de IPI, aliadas à facilidade de crédito, podem ter uma parcela de responsabilidade na inadimplência.
"O IPI reduzido nem sempre significa uma boa oportunidade de compra. O consumidor tem de estar muito consciente da própria situação financeira para não se deixar levar pela propaganda."
No caso dos eletrodomésticos, a expectativa dos fabricantes é que as vendas subam até 15%, na comparação com 2011, por causa dos cortes.
Desemprego impediu consumidor de pagar dívida
O estudo da Boa Vista Serviços mostra, ainda, que o desemprego, o descontrole financeiro e empréstimo de nome para outra pessoa foram os três principais motivos que fizeram com que os consumidores não tivessem condições de arcar com suas dívidas.
Segundo a pesquisa, 33% dos consumidores creditam o problema ao desemprego. Outros 23% disseram que ficaram endividados por causa do descontrole financeiro. E 9% disseram que emprestaram o nome para outras pessoas (adquirindo empréstimos ou fazendo compras em nome delas) e, por isso, ficaram inadimplentes.
O desemprego causou endividamento sobretudo em consumidores com menor nível de renda. Entre os consumidores que ganham mais de dez salários mínimos (R$ 6.220), o maior motivo da inadimplência é o descontrole (resposta dada por 30,3% dos entrevistados).
Segundo os dados da Boa Vista, 29% das dívidas que fizeram com que os consumidores ficassem com o nome sujo foram feitas no cartão de crédito. Ainda de acordo com a pesquisa, 34% dos consumidores devem de R$ 500 a R$ 2.000.
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