Gol diz que demissão na Webjet foi 'dolorosa', mas necessária; sindicato chama de 'escândalo'
O representante da companhia aérea Gol Alberto Fajerman disse nesta terça-feira (11) que foi "dolorosa", mas necessária, a dispensa dos 850 funcionários da extinta Webjet. O motivo: o setor de aviação civil enfrenta um momento difícil por causa de mudanças na economia, como o aumento do dólar e de combustíveis.
O executivo participou de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado para debater a fusão das duas companhias aéreas e suas consequências.
Fajerman disse que, quando a Gol apresentou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a proposta de fusão com a Webjet, em 2011, a intenção era manter esses funcionários e adequá-los em aviões mais modernos.
Ainda sobre o aumento dos custos da empresa, o assessor da presidência da Gol reconheceu que não há como crescer sem aumento de custos. Ele frisou que somente o preço do combustível representa 45% do custo de uma passagem aérea, uma vez que o valor está atrelado à variação do dólar.
Sindicato chama de 'escândalo'
A representante do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) Graziella Baggio chamou o processo de compra da Webjet pela Gol de um "escândalo". Segundo ela, ao contrário do que prometeu ao Cade, a empresa reduziu o número de voos e demitiu os funcionários da Webjet.
"Isso é um escândalo. Grandes empresas aéreas adquirem outras de médio porte com pretexto de expansão de oferta de voos."
Ela acrescentou que a autorização do Cade para a aquisição, mesmo que com restrições, representou um "cheque em branco" para a concorrente demitir os funcionários da Webjet e aumentar os preços das tarifas cobradas ao consumidor.
Graziella disse ainda que o setor já soma 6.000 demissões de aeronautas.
A representante do SNA ressaltou que as presidências da TAM e da Gol já anunciaram reduções em 2013 da malha aeroviária em 6% e 7%, respectivamente. "É inaceitável como esta situação vem ocorrendo."
Ministério do Trabalho tenta acordo, mas sem progresso
Já o representante do Ministério do Trabalho e do Emprego, que tentou uma conciliação entre as partes, Eudes Carneiro destacou que o objetivo era encontrar alguma opção como concessão de férias coletivas ou redução de jornada com diminuição de salários.
"A tentativa de acordo não prosperou", acrescentou ele.
Eudes Carneiro disse que o ministério vê com preocupação as demissões que ocorrem não só na aviação civil, mas também em setores como o de calçados e o bancário.
"Agora, com uma possível fusão da Trip com a Azul, queremos começar as negociações antes de sua conclusão para evitar que se repita o que aconteceu entre a Gol e a Webjet", disse.
O conselheiro do Cade Ricardo Machado Ruiz disse que essa compra não é um fato isolado no setor. "Estamos vendo isso nos últimos anos e estaremos vendo nos próximos."
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