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De amendoim a espaço para as pernas, empresas aéreas ampliam cobranças

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

15/04/2013 06h00

As empresas aéreas brasileiras estão ampliando a cobrança de tarifas extras, antes só vistas em companhias internacionais. Comer um lanche a bordo, por exemplo, pode tornar a viagem até R$ 20 mais cara. Viajar numa poltrona com maior espaço para as pernas pode custar até R$ 30 a mais.

A Gol anunciou recentemente que, até o fim de junho, passará a cobrar pelas refeições servidas em todos seus voos nacionais. Apenas água será servida de graça aos passageiros, se for pedida.

Atualmente, a empresa já faz a cobrança em metade dos voos domésticos. Antes gratuito, o singelo saquinho de amendoim sai por R$ 5. Um kit com sanduíche, batata e refrigerante custa R$ 13.

TAM, Azul e Avianca não cobram pelas refeições.

Cobranças adicionais já eram feitas para obter mais espaço

Quem quer viajar com mais conforto também precisa desembolsar uma taxinha a mais. Na Gol, viajar perto das saídas de emergência, em poltronas que deixam mais espaço para as pernas, custa de R$ 10 a R$ 20, dependendo do tempo de voo.

Em algumas rotas, é possível também viajar com a poltrona do meio bloqueada, garantindo que ninguém se sente ao lado. O benefício custa de R$ 25 a R$ 30, dependendo do destino.

A TAM também oferece assentos mais espaçosos por R$ 30 a mais em voos nacionais. Na Azul, por R$ 20 a mais é possível sentar em uma poltrona mais espaçosa se a escolha for feita pela internet; no caso de a escolha ser feita no aeroporto, são R$ 25 a mais.

Todas as empresas cobram, também, uma tarifa de quem faz a compra da passagem por telefone, em lojas das companhias ou agências de viagem.

TAM, Gol e Avianca cobram, nesse caso, uma tarifa de R$ 40, caso a passagem custe até R$ 400, ou de 10% do valor do bilhete, para valores superiores a R$ 400. Na Azul, são R$ 30 para compras com o valor total de até R$ 300 ou 10% sobre o valor da tarifa acima de R$ 300. Apenas as compras feitas pela internet não são tarifadas.

Cobrança extra é tendência na aviação mundial

A associação de consumidores Proteste contesta a cobrança de algumas das tarifas. As empresas, porém, dizem que as cobranças extras são tendência internacional e representam mais opções para os consumidores.

"É uma tendência que vem sendo observada no exterior há pelo menos dez anos. É uma forma de a empresa oferecer tarifas mais baixas e mais atraentes para os passageiros que não fazem questão desses serviços", diz o consultor técnico da Associação Brasileira das Companhias Aéreas (Abear), Adalberto Febeliano.

Ele acredita que mais serviços poderão passar a ser cobrados, como pelo uso de internet a bordo. "O limite dessas cobranças será o bom senso. Acho difícil que, no Brasil, as empresas cobrem pelo check-in no aeroporto, por exemplo. Seria difícil implementar isso diante da forma como o mercado se desenvolveu: muita gente está viajando pela primeira vez e nunca fez check-in."

Empresa de Samoa vai cobrar pelo peso dos passageiros

Fora do Brasil, cobranças extras já são mesmo comuns. No início deste mês, a Samoa Air, companhia aérea do arquipélago de Samoa, no Oceano Pacífico, anunciou que o preço de suas passagens será determinado pelo peso dos passageiros: quanto mais pesado, mais caro.

Casos como esses são extremos. Mas já é comum pagar por outros benefícios. Quem viaja por empresas de baixo custo como Easyjet e Ryanair precisa pagar uma tarifa se quiser escolher o assento que vai ocupar no avião. É preciso pagar, também, para ter o direito de despachar bagagens. Quem não paga só pode levar pequenas malas a bordo.

No Brasil, as empresas são obrigadas a carregar gratuitamente 23 quilos de bagagem de cada passageiro em voos nacionais e 32 quilos em voos internacionais.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está propondo que as empresas ofereçam aos clientes passagens internacionais mais baratas (exceto para os países da Américas do Sul e Central), caso eles optem por levar menos bagagem. Até 30 de abril, as companhias e os passageiros podem opinar sobre o assunto no site da Anac.